O Brasil pode criar até 15 milhões de empregos verdes com economia de baixo carbono até 2050, segundo um estudo da Agenda Pública em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen.
A tese “Empregos do Futuro no Brasil: Transição Justa para Economias de Baixo Carbono” analisa os impactos da descarbonização no mercado de trabalho e aponta medidas para ampliar as oportunidades de empregos sustentáveis.
“Nossa pesquisa mostra que os municípios mais expostos à descarbonização também podem ser os grandes protagonistas da nova economia — desde que tenham capacidade institucional, acesso a financiamento e políticas de qualificação adequadas”, explica o coordenador geral da pesquisa, Sergio Andrade.
Para alcançar todos os tipos de regiões, a pesquisa desenvolveu o ICTSM (Índice de Capacidade de Transição Sustentável Municipal), que integra dois conjuntos de evidências: a vulnerabilidade socioeconômica e capacidade adaptativa.
O levantamento avalia os municípios de 0 a 1 e os classifica em perfis como resiliente, emergente, em atenção e crítico.
Para medir a capacidade de transição para os empregos verdes, o índice utiliza cinco indicadores:
- Capital humano: considera o número de profissionais com diferentes níveis de escolaridade;
- Inovação e tecnologia: considera o número de profissionais dedicados à pesquisa e desenvolvimento;
- Diversificação econômica: avalia o índice de concentração por setor;
- Capacidade fiscal: considera a receita própria per capita dos municípios;
- Dinamismo empresarial: calculado por meio da quantidade de microempreendedores individuais por habitante.
O estudo ainda analisou uma previsão de como a transição seria empregada em oito estados do país:
- Rio de Janeiro: vinculação ao petróleo e ao gás exige variação, principalmente para energia offshore e requalificação profissional;
- Bahia e Pernambuco: criação de laboratórios verdes explorando cadeias de hidrogênio, química circular e biotecnologia;
- São Paulo: reestruturação de veículos elétricos e manufatura digital, com uma adaptação mais rápida, que seriam necessários investimentos em inovação e qualificação;
- Mato Grosso: a dependência da agropecuária demonstra a urgência da diversificação produtiva;
- Pará e Maranhão: economia continua centrada em setores de alta emissão como mineração e papel e celulose, mesmo com um território que concentra mais de 80 mil jovens.
A tese também foca nas desigualdades educacionais presentes no mercado de trabalho. Dados apontam que 42% dos jovens negros entre 18 e 24 anos estão fora da escola ou do ensino superior, enquanto entre jovens brancos essa taxa é de 22%. O instituto chama atenção ao risco que os empregos gerados pela transição não cheguem a todos os públicos.
“A transição justa não é apenas uma agenda ambiental, mas uma agenda de resiliência econômica. O estudo mostra que o futuro dos territórios depende da capacidade de mobilizar instrumentos de desenvolvimento para diversificar economias locais, reduzir vulnerabilidades e estruturar políticas ancoradas em inteligência produtiva. Os empregos do futuro exigem um novo pacto territorial em torno da modernização econômica”, afirma Andrade.
É concluído que cada estado e município possui desafios específicos, assim exigindo estratégias personalizadas de transição.
O mercado de trabalho é um dos principais temas a ser debatido nesta quarta-feira (12), durante a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que ocorre em Belém, capital do Pará.
A COP30 segue até o dia 21 de novembro, com representantes de 194 países e da União Europeia.
Com Informações: CNN Brasil







