Por Heber Gueiros
Entre todos os pecados do jornalismo, talvez o mais lamentável seja quando o papel de informar é distorcido para deslegitimizar. A Folha de São Paulo parece ter encontrado em Belém do Pará um alvo conveniente par projetar seus preconceitos editoriais e projetar ao mundo – em portguês, inglês, espanhol ou qualquer outro idioma que sirva de verniz – a ideia de que esta cidade não é digna de sediar a COP 30.
Não se trata mais de críticas construtivas – algo essencial na cobertura jornalística-, mas sim de um boicote escancarado e calculado. Empenha-se, a todo custo, em vender ao público uma caricatura de Belém como um lugar incapaz, caótico, quase apocalíptico, e indigno de figurar sob os holofotes do mundo.
O que a Folha talvez não perceba – ou prefira ignorar – é que, ao fazer isso, se apresenta como porta-voz de um viés que sempre marcou os editoriais do eixo Rio- São Paulo: preconceito contra a Amazônia, e um apego quase colonial a um modelo de “Brasil ideal” centrado no sudeste.
Contudo, a escolha de Belém para sediar a COP 30 poderia – e deveria – ter sido ponto de partida para um debate construtivo sobre os desafios e as oportunidades da Amazônia , para repensar a forma como o Brasil encara o Norte. Infelizmente, o jornal preferiu o atalho da desquaificação sistemática.
Belém não é perfeita, mas é corajosa, resiliente e digna de respeito. E segue se preparando com dignidade e esperança. Porque, apesar dos arautos do apocalípse, a COP 30 será um marco. Não para a Folha, mas para o Brasil – e para o mundo, que começará a entender que a Amazônia não precisa de tutela de ninguém para falar.
Com Informações: Para Web News