Internautas organizam vaquinha após repórteres da CNN criticarem preços na COP30

A repercussão sobre os preços praticados na COP30 ganhou um novo capítulo após repórteres da CNN criticarem o valor de refeições dentro do evento. Nas redes sociais, internautas chegaram a organizar uma “vaquinha” simbólica para “ajudar os jornalistas a almoçar”. A brincadeira viralizou, mas reacendeu um debate sério: a forma como a cobertura nacional tem retratado Belém.

As críticas não destacaram um ponto fundamental: os preços citados são exclusivamente os da Blue Zone, área controlada e administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU), onde ficam delegações oficiais e representantes internacionais. Nesse espaço, não é o governo do Pará, nem restaurantes locais, que definem os valores, mas sim normas internacionais de concessão e operação, aplicadas da mesma forma em todas as COPs ao redor do mundo.

Além de serem estabelecidos pela organização da conferência, os preços da Blue Zone seguem padrões de segurança alimentar, logística, contratos globais de fornecedores e protocolos diplomáticos — o que naturalmente eleva os custos.

No entanto, ao apresentar os valores sem esse contexto, parte da cobertura nacional induziu muitos espectadores a acreditar que tais preços seriam “os preços de Belém”. As redes sociais rapidamente se encheram de comentários depreciativos sobre a cidade e seus moradores, resultando em uma onda de xenofobia que afetou diretamente a imagem da capital paraense.

Fora da Blue Zone, a realidade é distinta. Há restaurantes populares dentro da própria área da conferência oferecendo almoço completo — incluindo bebida e sobremesa — por R$ 40, além de lanchonetes com valores compatíveis aos de praças de alimentação de qualquer capital. A poucos metros dali, supermercados e atacarejos também operam com preços comuns.

A divulgação incompleta das informações acabou reforçando estereótipos e alimentando preconceitos históricos contra a Amazônia e seus habitantes. Moradores, profissionais locais e frequentadores do evento têm utilizado as redes sociais para corrigir as distorções e mostrar a diversidade de serviços, opções e realidades existentes durante a COP30.