O principal índice do mercado financeiro brasileiro, o Ibovespa, subiu pela 15ª sessão seguida, completando uma sequência de 12 renovações de recorde.
“Esse movimento é resultado de uma combinação de fatores: melhora no cenário externo, expectativa de corte de juros nas principais economias e fluxo [de capital] entrando no Brasil”, elenca Gustavo Trotta, sócio da Valor Investimentos.
Além dos fatores macroeconômicos, João Daronco, analista CNPI da Suno Research, destaca que os resultados das empresas brasileiras têm surpreendido positivamente, se mostrando resilientes mesmo em um cenário de juros a 15% ao ano.
No dia 3 de novembro a bolsa atingiu os 150 mil pontos pela primeira vez, patamar este que poucos – como a XP – acreditavam que seria possível de se atingir ainda neste ano. Na terça-feira (11), chegou a testar os 158 mil pontos.
“Fizemos uma análise ‘bottom up’ acreditando nos resultados das empresas e no desconto delas sobre o preço de tela. Além disso, a rotação global (dólar fraco) ajudaria nas nossas projeções por conta do fechamento da curva nominal de juros”, explica Raphael Figueredo, estrategista de ações da XP Inc.
E para os analistas ouvidos pela CNN Brasil não deve parar por aí. Eles afirmam que os fundamentos são positivos para seguir projetando novas altas.
Daronco observa que os ativos na bolsa brasileira ainda estão mais baratos do que o potencial que podem de fato atingir.
“Ainda estamos abaixo da média histórica quando olhamos alguns indicadores de valuation, como o preço/lucro e o dividend yield. Para convergirmos para a média histórica, teria ainda espaço de ~15% de valorização”, pontua.
Olhando para a trajetória dos juros no Brasil e no mundo, cuja tendência futura é de queda, Trotta indica que “o cenário ainda favorece essa continuidade no médio/longo prazo”.
Isso porque, com as taxas caindo no país a renda variável tende a ganhar atratividade, podendo levar o que está alocado na renda fixa para as ações. Porém, os juros no Brasil ainda seguiriam suficientemente elevados para manter interessante para o investidor estrangeiro fazer aportes aqui com dinheiro obtido a juros mais baixos lá fora.
A expectativa da XP é de que o Ibovespa chegue ao final do ano que vem nos 170 mil pontos. Raphael Figueredo faz uma defesa enfática de que “a renda variável tem que estar no portfólio” do investidor, afirmando que ela “deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade estratégica diante da mudança de regime econômico”.
Hênio Scheidt, gerente de produtos na B3, avalia que “o mercado de renda variável mudou radicalmente nos últimos anos”. De 2020 para cá, o número de investidores em renda variável dobrou de 3 milhões de brasileiros.
“Alcançar o patamar dos 150 mil pontos sinaliza que a bolsa do Brasil está em momento de valorização. O Ibovespa é um dos ativos que mais se valorizaram no ano e os investidores seguem com suas estratégias de diversificação e sofisticação das quais a renda variável é parte importante”, pondera.
De desafios pela frente, os analistas destacam o ritmo de cortes de juros no Brasil – que se for mais lento que o esperado pode impactar -, o cenário internacional – sobretudo no que tange tarifas e geopolítica -, se os resultados corporativos vão manter a resiliência e, em destaque, o cenário eleitoral.
“Tudo vai depender de questões mais micro estruturais do Brasil como qual será o direcionamento fiscal e o andamento do ambiente eleitoral. Os grandes desafios me parecem estar relacionados com políticas fiscais mais frouxas, que poderiam impactar os juros e mantê-los elevados por mais tempo, o que prejudicaria a geração de caixa das empresas”, pontua Daronco.
Olhando pelo aspecto das incertezas, a Verde Asset Management, de Luis Stuhlberger, optou por um caminho mais seguro: “em meio a este cenário, reduzimos a alocação em ativos de risco brasileiros, por considerar o retorno prospectivo mais limitado para os riscos e volatilidade que vemos à frente”, escreveu o fundo em carta a investidores.
Com Informações: CNN Brasil







