Aparelhagens ganham destaque na COP 30 e cultura paraense vira assunto nacional

A COP 30 segue movimentando Belém com debates sobre clima, políticas ambientais e desenvolvimento sustentável, mas a cultura local também tem atraído a atenção de participantes e visitantes da conferência. No domingo (16), o programa “Fantástico”, da TV Globo, exibiu uma reportagem destacando o protagonismo das aparelhagens, que tomam conta da cidade nos intervalos das programações oficiais e fazem Belém “tremer” ao som do tecnobrega e do tecnomelody.

Na reportagem, o jornalista Felipe Santana mostrou os bastidores de uma festa de aparelhagem e conversou com a cantora Viviane Batidão, ressaltando a potência desse movimento na vida cultural paraense. Santana lembrou que, nos anos 1990, as apresentações eram conduzidas por bandas completas; hoje, DJs e produtores comandam as pistas por meio de computadores e softwares de mixagem. “A aparelhagem manda no fim de semana belenense”, afirmou o repórter, ao comentar a força das grandes festas.

O material apresentado também destacou a superprodução que caracteriza esses eventos, marcada por efeitos visuais, pirotecnia e sistemas de som de alta potência — elementos que, segundo Santana, “fazem tremer os ossos”. As reportagens ainda mostraram os mascotes que identificam cada equipe, com personagens como o “Crocodilo” e o “Carabao”, referência ao búfalo do Marajó.

A repercussão das aparelhagens também se reflete nas redes sociais, onde músicas consideradas “antigas” vêm sendo redescobertas por novos públicos. Entre elas está “As Coelhetes e S. Coelho”, lançada nos anos 2000 pela Banda AR-15 e interpretada por Rebeca Lindsay, que viralizou recentemente no TikTok. A faixa homenageia um fã-clube feminino que acompanhava apresentações de DJs em casas de shows de Belém, tornando-se parte da identidade cultural das aparelhagens.

Rebeca afirma que o tecnomelody mantém uma relação afetiva profunda com o público paraense e observa que esse vínculo tem se ampliado nacionalmente. “Nós sabemos o quanto o tecnomelody nos toca de todas as formas, e agora as pessoas estão entendendo isso e tendo a oportunidade de sentir o que sentimos”, diz. Para a cantora, o atual momento da música nortista é “incrível”, marcado pela crescente atenção do país ao que é produzido no Pará.

Com mais de duas décadas de carreira, Rebeca relembra o início no cenário musical e compara o período analógico com as exigências do mercado digital. Segundo ela, a produção musical se tornou mais acelerada. “Antes, o que levávamos meses para concluir, hoje precisamos fazer em dias ou semanas. Se uma música não tem o resultado esperado em um mês, já precisamos pensar no próximo lançamento”, explica.

A artista avalia que eventos internacionais sediados na região, como a COP 30, contribuem diretamente para ampliar a visibilidade da produção cultural da Amazônia. “A COP está sendo fundamental para isso. Só precisávamos de um olhar mais atento e mais carinhoso para a nossa cultura”, destaca.

Outro exemplo da força digital da música nortista é Gaby Amarantos. Mesmo após lançar o álbum Rock Doido em 2024, a artista viu a faixa “Foguinho” ultrapassar 5 milhões de reproduções no Spotify, impulsionada por coreografias replicadas em diversas plataformas. A trend atraiu a atenção de grandes artistas: Anitta apareceu dançando com Gaby nos bastidores do Global Citizen Amazônia, enquanto integrantes das equipes de Ana Castela, Pedro Sampaio e outros influenciadores registraram vídeos em Belém.