Uma antiga rivalidade entre Pará e Amazonas voltou a ganhar destaque com a recente polêmica sobre o nome do produto amazônico conhecido como “castanha-do-pará”. Debates nas redes sociais, alimentados por figuras públicas como o ator manauara Adanilo Costa e a ex-BBB paraense Alane Dias, reacenderam o embate sobre a nomenclatura oficial do fruto, também chamado de “castanha-da-amazônia” ou “castanha-do-brasil”.
Para o historiador Heber Gueiros, a associação do fruto ao Pará não é apenas geográfica, mas histórica. Durante os séculos XVIII e XIX, o estado foi o principal entreposto comercial da Amazônia, consolidando o nome do produto nos mercados nacional e internacional. “Poucos produtos simbolizam tão bem a conexão entre cultura, história e natureza como a castanha-do-pará”, afirma Gueiros, destacando o papel de Belém como o principal porto de exportação da castanha na época.
O debate, porém, transcende a nomenclatura. Movimentos que defendem o termo “castanha-da-amazônia” buscam incluir toda a região amazônica na identidade do produto, mas enfrentam resistência de paraenses, que enxergam na mudança uma tentativa de apagar a relevância histórica do Pará.
Essa disputa também advém da luta por protagonismo no imaginário amazônico, com o Amazonas reivindicando maior reconhecimento em relação à castanheira, uma árvore nativa de várias partes da floresta. “O debate sobre o nome da castanha é, na verdade, um espelho das disputas políticas e culturais dentro da própria Amazônia”, conclui o historiador.
Além das discussões identitárias, a castanha permanece como um símbolo da riqueza natural da floresta e um lembrete das dinâmicas econômicas que moldaram a história da região.
Com Informações: Para Web News