Após bloqueio, acesso à COP30 é liberado; Munduruku cobram diálogo do governo sobre impactos em seus territórios

Após bloqueio, acesso à COP30 é liberado; Munduruku cobram diálogo do governo sobre impactos em seus territórios

Indígenas do povo Munduruku bloquearam, na manhã desta sexta-feira (14), o principal acesso à COP30, em Belém, em uma mobilização que intensificou a reivindicação por participação direta nas discussões climáticas. O bloqueio ocorreu na entrada da Blue Zone, área destinada às negociações oficiais da conferência.

A liberação da área só ocorreu após negociações conduzidas pelo presidente da COP30, André Aranha Corrêa do Lago, e pela diretora executiva Ana Toni. Depois do acordo, os representantes da conferência seguiram para reuniões na Vila COP com lideranças indígenas.

Reivindicação por reunião com o governo

As lideranças Munduruku aguardam uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo afirma que o acesso de trabalhadores e participantes à COP30 só será normalizado após serem recebidos por autoridades do governo federal.

O Movimento Munduruku Ipereg Ayu denuncia que projetos em andamento no país têm avançado sem consulta prévia às comunidades, como prevê a legislação. Entre as ações citadas estão hidrovias, portos privados, iniciativas de crédito de carbono e a Ferrogrão, ferrovia planejada para conectar regiões produtoras do Mato Grosso aos portos do Pará.

Impactos das hidrovias e do Decreto 12.600/2025

O centro da manifestação é o Decreto 12.600/2025, que institui o Plano Nacional de Hidrovias e define os rios Tapajós, Madeira e Tocantins como corredores prioritários de navegação. As lideranças afirmam que a medida pode ampliar dragagens e alterar trechos dos rios, atingindo territórios considerados tradicionais.

Os Munduruku também relacionam o avanço das obras ao aumento da presença de embarcações, redução da pesca e mudanças no uso dos rios, somados à contaminação por mercúrio decorrente do garimpo.

Dados do Inesc apontam que, entre 2010 e 2022, cerca de 68% dos investimentos federais em infraestrutura na Amazônia foram direcionados a corredores de exportação. Em 2023, aproximadamente 47% da soja brasileira saiu pelo Arco Norte. No rio Tapajós, o transporte de cargas saltou de 4 mil toneladas em 2019 para 167 mil toneladas em 2022.

Estudo do Ministério dos Transportes indica que o fluxo de grãos pelo Tapajós pode crescer até seis vezes até 2049 caso a Ferrogrão avance, ampliando a instalação de portos e obras de dragagem em municípios como Miritituba, Itaituba e Trairão.

Demarcação e conflitos territoriais

As lideranças Munduruku também pedem a retomada dos processos de demarcação de terras que aguardam análise no Ministério da Justiça e na Casa Civil. Segundo o movimento, o avanço de empreendimentos ligados ao agronegócio contribui para o aumento de conflitos nos territórios indígenas.

Em nota, o Movimento Munduruku Ipereg Ayu afirmou que o grupo pretende ser ouvido antes da liberação definitiva do acesso à conferência.

A Força Nacional e a segurança da COP reforçaram a presença no local enquanto representantes do governo e da organização seguem em diálogo com os manifestantes. A atuação dos povos indígenas na COP30 é apontada por organizações socioambientais como um componente central para os debates sobre políticas de clima e proteção territorial.

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