SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – "Não imaginava que tinha conseguido fazer tão bem". É assim que Sula Miranda, 57, descreve a surpresa que sentiu ao se ver no ar, em sua estreia como atriz. A cantora e apresentadora diz que suas primeiras cenas como a sacerdotisa Quirá em "Gênesis" (Record) têm transformado sua mente.
"Por incrível que pareça, foi curioso, pois parece que faço isso a vida toda", diz ela, que já pensa em outros projetos de dramaturgia. "Quero fazer mais aulas, cursos e me aperfeiçoar para que tenha novas chances. Gostaria de vivenciar várias novelas bíblicas, fazer disso mais uma profissão", almeja.
Sula Miranda afirma que está realizando seu "sonho de menina". Segundo ela, a vontade de se arriscar como atriz surgiu na adolescência, quando ainda fazia parte do grupo musical As Melindrosas ao lado das irmãs Yara e Gretchen. O grupo se formou em 1978 e encerrou atividades em 1986.
"Fazíamos muitos shows, então a carreira de cantora exigia mais de mim. Não tinha como estudar teatro", conta. Mais de três décadas depois, o desejo se concretiza. Por iniciativa própria, a artista mandou um email para a Record pedindo uma oportunidade de demonstrar que seria capaz.
Foi então que ela foi convidada a fazer um teste na emissora, ainda durante a exibição de "Jezabel", em 2019. Apesar do nervosismo, Sula Miranda lembra que conseguiu até mesmo chorar em cena e impressionou quem a julgava. O convite para "Gênesis" veio um mês depois.
A pandemia, no entanto, chegou e atrasou tudo. "Mas foi excelente também, pois nesse período pude me preparar. Não tinha experiência, fazia três aulas por semana com coach e fono. Foi um desafio, tive que contar com Deus me capacitando", conta.
O período de espera valeu a pena. Sula Miranda estudou, se dedicou, e por 14 capítulos pode ser vista na quinta fase (Abraão) da trama bíblica da Record na pele de Quirá. É uma sacerdotisa sábia, conselheira de Abimeleque (Leonardo Franco) e confidente de Najla (Virginia Cavendish).
"O que tenho de semelhante com a personagem é a fidelidade da fé. Ela é fiel ao Deus dela e eu ao meu. Através disso, Quirá se mostra apaziguadora e equilibrada. Ela quer trazer a temperança ao palácio", explica a artista. Nos últimos capítulos de sua participação, ela envelhecerá 15 anos na trama.
Por falar em fé, foi a de Sula Miranda que a fez chegar onde está hoje. Ela conta que orava e pedia por uma oportunidade de viver um papel fictício na dramaturgia. "Falei para Deus que se fosse da vontade dele me desse o passo a passo para eu realizar esse sonho. E aconteceu assim", diz.
"Me joguei no personagem e isso me deu tranquilidade. Em todas as cenas, eu estava calma. Colegas falavam que nem parecia ser minha estreia. Como estudei muito e fiquei meses com o papel na mão, estava muito segura."
Até o final de sua participação em "Gênesis", a personagem Quirá vai se envolver com o general Ficol (Joelson Medeiros). Mas mesmo apaixonada, manterá sua virgindade por fidelidade a Deus. Terá de resistir às investidas.
'TUDO AO MESMO TEMPO'
Apesar de estar amando essa nova experiência artística, Sula Miranda diz que não pretende se afastar da música. Ela afirma que a atuação poderá ser conciliada com sua carreira de cantora e ressalta que a versatilidade foi seu ponto forte nesses 35 anos de trajetória.
"A Sula é isso, não sou só cantora ou apresentadora, quero fazer tudo ao mesmo tempo. Posso me dividir entre uma gravação e outra e os demais trabalhos. Consigo dar conta. Eu sou organizada e me programo", garante.
Nesses 35 anos de carreira, Sula Miranda ficou conhecia como Rainha dos Caminhoneiros, título que ela não deve renegar, se mantendo próxima da classe, assim como do sertanejo. Em 2018, quando houve a greve que paralisou os transportes, a cantora foi uma das pessoas que apoiaram a causa.
Mas ela também quer se manter no universo gospel e diz acreditar que essa é uma maneira de demonstrar seu louvor ao Senhor. Em abril e maio, Sula Miranda lançou duas músicas inéditas e promete um álbum acústico ainda para este primeiro semestre de 2021.
As músicas em questão são "Alma em Silêncio" e "Poço em Terra Seca", esta última inspirada na história bíblica de Isaque. "Acabei compondo mais e produzindo muito mais na quarentena. Tenho lançado ao menos uma música por mês", revela.
"Não posso reclamar. Ganhei a novela 'Gênesis', tive aprendizado como atriz, estudei muito e nem peguei Covid-19. Ter ficado presa foi liberdade para mim", afirma. "Tenho ainda um programa nas minhas redes sociais, o Sula na Estrada, e trabalho com publicidade, sou influenciadora digital. Aproveito todas as oportunidades."
Fonte: Notícias ao Minuto