Dez anos após a assinatura do Acordo de Paris, a prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, elegeu a COP30, que será realizada em Belém em novembro, como a “cúpula da esperança”. Em entrevista à Folha, a socialista — que governava Paris em 2015 durante o marco climático — afirmou: “Belém será um grande momento internacional para o clima”. Ela destacou a “força simbólica” de sediar a conferência na Amazônia e expressou confiança no governo Lula para “dar novo impulso” às metas globais, ainda distantes de serem cumpridas.
O peso da Amazônia e o papel das cidades
Hidalgo ressaltou que, embora as soluções para a crise climática demandem ações globais, os governos locais têm papel crucial. “Na COP28, em Dubai, ficou claro que parte dos resultados vem diretamente de prefeitos”, disse, citando medidas adotadas em Paris, como:
- Redução de carros: restrições a veículos poluentes e expansão de ciclovias;
- Mais áreas verdes: 45 hectares criados na última década;
- Sena “banhável”: trechos do rio reabertos para natação após 100 anos, apesar de polêmicas sobre qualidade da água.
A prefeita adiantou que o IPCC prepara um estudo sobre contribuições municipais ao combate às mudanças climáticas, mas o documento não estará pronto a tempo da COP30.
Cientista do IPCC: “Não podemos desanimar”
O climatologista Jean Jouzel, vice-presidente do IPCC quando o grupo ganhou o Nobel da Paz (2007), também falou à Folha. Ele lembrou o “clima de esperança” de 2015, quando o Acordo de Paris foi assinado por 195 países, e admitiu os desafios atuais: “É difícil erguer a cabeça com líderes como Trump” — que retirou os EUA do pacto duas vezes.
Apesar disso, Jouzel mantém expectativas para Belém: “O acordo de Paris foi bem construído. Esperamos muito desta COP”. O cientista, que acompanha as negociações, revelou que ainda não há rascunho do texto a ser aprovado no Pará, mas destacou o caráter “apaixonante” dos debates.
O legado de Paris e o teste em Belém
Enquanto Paris se prepara para uma conferência de prefeitos em setembro — com Belém entre os convidados —, a COP30 será um teste para o multilateralismo climático. Hidalgo reforçou: “Fico feliz que a conferência dos dez anos seja no Brasil”. A escolha da Amazônia, segundo ela, não é casual: é um recado claro de que proteger a floresta é proteger o planeta.
Com Informações: Para Web News