Belém quer voltar à Série A: como o Remo pode encerrar um jejum de 31 anos com um acesso histórico

Belém quer voltar à Série A: como o Remo pode encerrar um jejum de 31 anos com um acesso histórico

A temporada de 2025 entrou para a história do Clube do Remo como a mais surpreendente dos últimos tempos. A duas rodadas do fim da Série B, o Leão Azul depende exclusivamente de suas forças para retornar à elite do futebol brasileiro — um feito que colocaria fim a um jejum de 31 anos longe da Série A. Em Belém, a expectativa mistura euforia contida e foco absoluto: a cidade que recebe a COP30 também vê seu torcedor respirar futebol com um sabor especial.

O cenário: o que falta para o acesso

Faltando duas rodadas, o Remo tem pela frente Avaí, na Ressacada, e Goiás, no Baenão. Para subir já neste sábado (15), segundo a combinação tratada pela imprensa e clubes, o Leão precisa vencer em Florianópolis e torcer por derrotas de Chapecoense (que enfrenta o rebaixado Volta Redonda) e Criciúma (contra o Botafogo-SP). Caso os resultados não se combinem, tudo será decidido na última rodada, no Pará, no dia 23 — quando a festa poderá explodir ou a missão será concluída diante da própria torcida.

A virada: da zona intermediária ao sonho do acesso

A trajetória do clube em 2025 tem capítulos distintos. Após o acesso da Série C para a B em 2024, veio um início irregular: o clube passou por mudanças no departamento de futebol, saídas de executivos e até a troca de treinadores — fatores que culminaram em desempenho instável no primeiro semestre. Ainda assim, o trabalho de reformulação administrativa iniciado em 2019 (quando o clube buscou profissionalizar áreas e equilibrar finanças) deu ao Remo musculatura para resistir.

O ponto de inflexão ocorreu em setembro, com a chegada do técnico Guto Ferreira. Desde então, o treinador soma oito jogos invicto, com seis vitórias consecutivas e dois empates. O trabalho de Guto foi além da escalação tática: “trazer o ambiente positivo para o vestiário”, recuperar a confiança e resgatar elementos que haviam funcionado com a passagem de Daniel Paulista — tudo isso sem perder a identidade do elenco.

O fator Guto: estilo e resultados

Guto montou um Remo pragmático, eficiente e vertical. O time, que chegou a oscilar entre variantes táticas ao longo da temporada, passou a atuar de forma mais reativa e de transição rápida — um modelo que se ajustou bem ao perfil dos reforços contratados e ao contexto do calendário. Os números falam por si: a sequência invicta fez o Leão subir na tabela e reacender o sonho do acesso, transformando ceticismo em confiança.

Além do trabalho motivacional no vestiário, Guto encontrou soluções para problemas antigos: recuperação física do elenco, rotação inteligente e leitura tática dos adversários nas últimas rodadas. O técnico também soube usar o Baenão como trunfo — um campo onde a pressão popular vira arma.

Reforços que deram retorno: de Panagiotis aos atacantes decisivos

Alguns nomes se destacaram como diferenciais da campanha. Entre eles, o volante grego Panagiotis Tachtsidis — contratado no fim da janela — trouxe experiência internacional e controle de jogo. Com passagens por clubes europeus de destaque e experiência em alto nível, Tachtsidis elevou a postura do meio-campo e ajudou a organizar as transições.

No ataque, jogadores como Diego Hernández e Nicolás Ferreira assumiram protagonismo com gols e assistências nos momentos decisivos. A combinação entre velocidade, presença de área e inteligência tática permitiu ao Remo explorar brechas nas defesas adversárias e transformar oportunidades em pontos cruciais. Esses nomes, mais do que estatísticas, simbolizam o acerto da diretoria no mercado.

Gestão e estrutura: o processo que voltou a credibilizar o clube

A reconstrução do clube tem fundamento administrativo: desde a gestão de Fábio Bentes (iniciada em 2019), que buscou sanear dívidas e profissionalizar departamentos, até a atual gestão de Antônio Carlos Teixeira (Tonhão), que assumiu no fim de 2023. A saída de passivos trabalhistas, a regularização jurídica e o pagamento em dia dos salários credenciaram o clube no mercado e abriram espaço para negociações mais seguras com atletas e parceiros.

A chegada de Marcos Braz ao departamento de futebol — executivo com histórico em times de alto desempenho — reforçou processos internos e trouxe experiência em gestão de futebol em alto nível. Seu olhar sobre infraestrutura também impulsiona planos como o futuro CT do Leão, cujo terreno já foi adquirido, e intervenções no Baenão.

O retorno ao Baenão: casa, pressão e identidade

A decisão de voltar a mandar partidas no Baenão foi decisiva. Embora o Mangueirão ofereça maior capacidade, o Baenão aproxima torcida e equipe, transforma a arquibancada em quinto jogador e cria ambiente hostil aos visitantes — fatores que tiveram resposta imediata em campo. A diretoria entendeu bem a dimensão simbólica e competitiva da volta ao estádio tradicional: a torcida volta a sentir-se abraçada, o time ganha confiança e o adversário enfrenta pressão direta.

História e memória: por que o acesso seria tão simbólico

O Remo viveu sua melhor fase nacional nos anos 1990. Em 1991 chegou às semifinais da Copa do Brasil — a campanha mais expressiva de um clube do Norte na competição até hoje — e, em 1993, alcançou o 7º lugar na Série A, posição histórica para a região. Desde o rebaixamento em 1994, o clube não voltou à elite. O acesso em 2025 significaria, portanto, não só a conquista esportiva, mas a reaproximação do Pará ao protagonismo do futebol nacional — impacto que se estende à economia local, mobilização de torcedores e visibilidade para jogadores e patrocinadores.

O momento social e político: COP30 e o combustível extra à torcida

O clima em Belém, neste novembro de 2025, é atípico: a cidade recebe a COP30 e lideranças do mundo todo. O fluxo de atenção sobre a capital potencializa a exposição do futebol local. Para o presidente Tonhão, a combinação é positiva: “Sem dúvida seria um grande presente ao Estado que tanto investe no esporte, e principalmente para o torcedor do Remo que nunca deixou de apoiar o clube”, disse. A chance de subir em um ano tão simbólico acrescenta uma camada extra de emoção à torcida.

Riscos e desafios finais: a rotina da pressão

Apesar do otimismo, o Remo ainda lida com riscos clássicos de quem briga por acesso: desgaste físico, cartões e lesões, e a necessidade de manter concentração num período em que a cidade também vive intensa programação pública. A pressão por resultado pode ser aliada — e inimiga — dependendo do gerenciamento emocional do elenco.

O que esperar das últimas duas rodadas

  • Contra o Avaí (Ressacada): jogo de alto risco, em campo adversário e cenário que exige controle emocional. Vitória no sul representa passo gigantesco rumo ao acesso imediato.
  • Contra o Goiás (Baenão): jogo em casa, com torcida como diferencial. Se a decisão for adiada para a última rodada, o Baenão promete ser palco de festa — ou de tensão máxima.

O discurso oficial: equilíbrio e foco

A diretoria adota tom cauteloso. Tonhão pede “sem oba-oba”: planejamento e foco nas etapas finais. A promessa é que, independente do resultado, o clube seguirá trabalhando para sanar necessidades estruturais e planejar 2026 com responsabilidade.

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