SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alguns dos principais influenciadores digitais da direita reclamaram nesta segunda-feira (14) de um fenômeno intrigante: a perda repentina de seguidores em seus perfis no Twitter.
Na rede social, houve uma chuva de manifestações enfurecidas.
"Agora 2 mil seguidores se foram do nada já chega a quase 10 mil eliminados", publicou Bernardo Kuster, editor do jornal Brasil Sem Medo (ligado ao filósofo Olavo de Carvalho).
"Está acontecendo um ataque aos usuários do Twitter de postura conservadora. Estão retirando milhares de seguidores desses usuários", disse Osmar Terra, deputado federal (MDB-RS), apontado como chefe do "gabinete paralelo" da Covid no governo Bolsonaro.
"Acabaram de me tirar 10 mil seguidores no Twitter", postou o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.
As queixas de direitistas sobre uma suposta perseguição do Twitter não são novas, mas é raro que tantos se manifestem assim de maneira simultânea.
Procurada, a assessoria da rede social afirma que apenas realizou um procedimento padrão rotineiro, com contas que têm "comportamento suspeito", para evitar a proliferação de robôs.
"Com o objetivo de proteger a integridade e a legitimidade de conversas em seu serviço, o Twitter regularmente solicita que contas com comportamentos suspeitos em todo o mundo confirmem detalhes como senha ou número de celular, comprovando que existe uma pessoa por trás delas", disse o Twitter, em nota.
De acordo com a empresa, pode haver certo prejuízo aos perfis enquanto não ocorrem essas confirmações.
"Até que cumpram essa etapa de confirmação, as contas ficam temporariamente desabilitadas, com funcionalidades limitadas, e deixam de entrar no cálculo para contagem de seguidores. Isso significa que esse número pode oscilar quando fazemos essas checagens regulares globalmente", diz.
A explicação pode até fazer sentido do ponto de vista técnico, mas o fato de os principais alvos serem ligados à direita bolsonarista não ajudará em nada a mudar a opinião deles sobre a rede social, que é a pior possível.
No universo destro, o Twitter, que tem um passarinho azul como símbolo, é chamado de "red bird" (pássaro vermelho), no Brasil e em diversos países.
A reclamação da direita contra redes sociais, as chamadas "big techs", é ampla, incluindo também Facebook, Instagram, YouTube e WhatsApp. Todas rotineiramente excluem conteúdo considerado falso ou que contem discurso de ódio, o que aumentou exponencialmente durante a pandemia.
Por isso, são acusadas pelos conservadores de serem parte de uma conspiração progressista global que "censura" vozes divergentes.
O fato é que, ainda que tentem migrar para plataformas mais amigáveis aos conservadores, como o Parler, os influenciadores direitistas não conseguiram até o momento criar uma alternativa que gere engajamento similar ao das redes sociais existentes.
Por mais que odeiem o passarinho vermelho, os bolsonaristas estão condenados a conviver com ele, num turbulento casamento de conveniência.
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