Cade julga nesta quarta (11) caso contra Google por uso de notícias em buscas

Cade julga nesta quarta (11) caso contra Google por uso de notícias em buscas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) decide nesta quarta-feira (11) se arquiva ou se abre um processo administrativo a partir de um inquérito que investiga se o Google abusou de sua posição dominante como mecanismo de busca para se beneficiar de conteúdo jornalístico sem remunerar os veículos de imprensa, o que teria gerado queda no tráfego e na receita com anúncios.

O caso, aberto em 2018, investiga se o Google fazia “scraping” (raspagem) de conteúdo jornalístico. A plataforma estaria exibindo trechos de matérias de jornais sem direcionar os internautas aos sites dos veículos que as produziram.

Em dezembro do ano passado, a superintendência-geral do Cade determinou o arquivamento do inquérito, mas a conselheira Camila Cabral Pires Alves pediu em maio a reabertura da investigação.

O Cade estava avaliando se haveria condutas exploratórias e exclusionárias, de autofavorecimento, por parte do Google. Como a plataforma apresentava trechos dos conteúdos jornalísticos nas buscas, muitos usuários se satisfaziam com esses resultados e não clicavam nos sites dos veículos, o que reduzia a audiência e, consequentemente, publicidade. Os veículos também acusavam o Google de privilegiar seu próprio conteúdo nos resultados de busca.

Entidades como a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Fenaj, a Repórteres sem Fronteiras (RSF), a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e a Ajor (Associação de Jornalismo Digital) defendem a continuidade das investigações por meio da abertura de um processo administrativo.

Em manifestação ao Cade, a ANJ afirma que o Google se vale do seu poder econômico para “extrair conteúdo legítimo produzido por jornalistas, a fim de manter os usuários em seu ecossistema próprio”, o que potencializa lucros indevidos “em detrimento dos veículos jornalísticos, que perdem parte relevante do fluxo de acessos, resultando em uma drástica redução de receitas”.

Segundo Marcelo Rech, presidente da ANJ, a investigação deveria se aprofundar porque há muitos novos fatores que não estavam no radar quando o Cade iniciou o inquérito.

“O cenário mundial mudou, temos decisões contrárias ao Google em processos antitruste nos EUA, relatório do organismo de concorrência da África do Sul determinou que a empresa causou prejuízos para veículos de comunicação, a introdução das buscas com inteligência artificial”, diz. “Órgãos antitruste de todo o mundo estão fazendo novas avaliações do tema. Não faz sentido o Cade ficar para trás e não pedir mais esclarecimentos.”

As entidades esperam que o Cade, ao final do processo, determine que o Google deve remunerar os veiculos de comunicação, como ocorreu em julgamentos na Alemanha e na França.

A decisão poderia ter implicações também para as buscas com inteligência artificial, apesar de elas não estarem na ação inicial. Com a IA, o Google apresenta um resumo como resposta a buscas –o que reduz, ainda mais, o tráfego para os sites.

“A Ajor entende que o julgamento deste inquérito representa uma oportunidade para que os conselheiros do Cade promovam avanços na transparência das práticas de ranqueamento, uso de conteúdo jornalístico e coleta de dados pessoais para segmentação de conteúdo publicitário”, disse Maia Fortes, Diretora Executiva da entidade.

Em petição ao Cade, o Google afirmou que beneficia sites de notícias ao enviar a eles o tráfego gratuito dos usuários que clicam nos resultados de busca. A empresa, no entanto, não divulga números sobre isso.

“Cabe destacar que o desvio e retenção de tráfegos dos sites jornalísticos por parte do Google até o momento não pode ser estudado e comprovado em detalhes porque a própria empresa se recusa a fornecer dados”, dizem a Fenaj e a RSF em manifestação ao Cade.

Notícias ao Minuto

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