Mesmo com o aumento de relatos sobre acidentes com escorpiões em outras partes do Brasil, o Pará apresenta estabilidade nos registros de casos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). No primeiro semestre deste ano, foram contabilizados 1.471 atendimentos por picadas de escorpiões. No mesmo período de 2024, o número foi de 1.626, e em 2023, 2.170.
Apesar da redução, especialistas alertam, os escorpiões continuam ativos durante todo o ano na região amazônica, e os cuidados devem ser constantes.
“No estado do Pará, não observamos uma sazonalidade marcada como em outras regiões. Os escorpiões se reproduzem o ano inteiro, então os acidentes também podem ocorrer em qualquer época”, afirma Elke Abreu, coordenadora estadual de Zoonoses da Sespa.
De acordo com Elke, as regiões de Altamira e Santarém são as que mais registram acidentes com escorpiões no Pará. A presença dos animais está ligada, principalmente, ao acúmulo de lixo, presença de insetos (como baratas) e ambientes com pouca limpeza e iluminação.
“As prefeituras podem colaborar com a limpeza urbana, campanhas educativas, coleta seletiva e cuidado com terrenos baldios. Já nas casas, é essencial vedar frestas, manter a limpeza, evitar o acúmulo de entulhos e controlar a presença de baratas, que são alimento para os escorpiões”, reforça a coordenadora.
Fabián Alfonso García, biólogo e doutorando em Zoologia pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, destaca que ainda faltam estudos aprofundados sobre os escorpiões amazônicos.
“Já foram identificadas cerca de 50 espécies no Pará, como Tityus cambridgei, Tityus silvestris e Tityus obscurus. Também há registros do escorpião amarelo (Tityus serrulatus), que é mais comum no Sudeste. Mas esse número pode ser ainda maior”, explica.
Segundo o pesquisador, enquanto regiões como o Sudeste apresentam um pico de aparecimento na primavera e verão, no Pará ainda não há dados suficientes para afirmar se há ou não uma “temporada” clara de escorpiões. O comportamento dos animais na região pode ser influenciado por diferentes fatores ambientais, como temperatura, umidade e presença de presas.
Como se proteger e agir em caso de picada
Manter a casa limpa, vedar rachaduras e evitar o acúmulo de entulhos são medidas básicas. Além disso, roupas e calçados devem ser verificados antes do uso, principalmente se estiverem guardados por muito tempo.
Uma curiosidade útil: escorpiões brilham em tons esverdeados sob luz ultravioleta. Lanternas UV podem ser usadas para identificar esses animais escondidos em locais escuros.
Caso ocorra um acidente, a recomendação é buscar atendimento médico imediato. Não se deve aplicar nenhum tipo de substância caseira na picada. Se possível, capturar ou tirar uma foto do escorpião ajuda na identificação da espécie e no tratamento.
“O veneno das espécies do gênero Tityus pode ser perigoso, especialmente para crianças e idosos. No Pará, o Hospital Universitário João de Barros Barreto tem um centro toxicológico de referência para esses casos”, destaca García.
Capacitação e prevenção
A Sespa, por meio da Coordenação de Zoonoses, tem realizado a capacitação de equipes regionais e municipais em prevenção, controle e tratamento de acidentes com animais peçonhentos. Além disso, instituições como o Instituto Butantan oferecem cursos gratuitos sobre escorpiões, com o objetivo de capacitar profissionais e conscientizar a população.
Com Informações: O Liberal