O setor do agronegócio prepara uma movimentação inédita para a COP30, que será realizada em Belém em 2025. Trata-se da criação da “AgriZone”, uma área temática exclusiva do agro brasileiro que funcionará paralelamente aos espaços oficiais da conferência da ONU sobre o clima. A estrutura será montada na sede da Embrapa Amazônia Oriental, a menos de 2 km do Parque da Cidade, onde ocorrerão os eventos principais da COP.
Inspirada nas tradicionais blue zones (área diplomática) e green zones (área da sociedade civil), a AgriZone ocupará uma área de 3 mil hectares e terá como foco apresentar práticas sustentáveis do setor, com base em dados científicos e experiências práticas. A ação é liderada por entidades como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), com apoio da Embrapa.
Segundo Muni Lourenço, presidente da CNA e da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas, a proposta é deixar a postura defensiva diante de críticas ambientais e assumir uma agenda propositiva. “Queremos mostrar ao mundo que o Brasil é parte da solução, com capacidade tecnológica para aumentar a produção de alimentos sem expandir a área cultivada”, afirmou.
Entre as tecnologias e práticas que serão expostas estão a integração lavoura-pecuária-floresta, recuperação de pastagens degradadas, rastreabilidade da carne bovina e técnicas de fixação biológica de nitrogênio, que ajudam a reduzir o uso de fertilizantes químicos.
De acordo com Daniel Trento, coordenador do grupo de trabalho da Embrapa na COP30, a palavra-chave será adaptação. “A agricultura brasileira é um caso de sucesso na transição de um modelo temperado para um modelo tropical. Queremos mostrar isso com evidências e resultados práticos próximos ao debate oficial”, disse.
A AgriZone também contará com dias temáticos para cadeias produtivas específicas, como proteínas, grãos, frutas e agroenergia. Em cada um desses dias, serão realizadas apresentações sobre tecnologias, rastreabilidade, irrigação e boas práticas ambientais. Haverá ainda visitas organizadas para autoridades internacionais a propriedades rurais brasileiras, inclusive fora da Amazônia, para demonstrar a diversidade do agro nacional.
A participação da Embrapa tem o objetivo de oferecer embasamento científico às mensagens do setor. Para os organizadores, é uma forma de mostrar ao mundo que a sustentabilidade rural no Brasil não é apenas um discurso, mas uma realidade aplicada, que pode contribuir com os desafios globais da segurança alimentar e da transição energética.
Com Informações: Para Web News