SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Dez criminosos da cúpula do Comando Vermelho, que estavam presos em Bangu 3, foram transferidos na noite desta terça-feira (28) para Bangu 1, a penitenciária de segurança máxima do estado.
Transferência dos criminosos tem caráter provisório. O Governo do Rio de Janeiro afirmou que o grupo está em isolamento até que os processos para a transferência solicitada pelo governador Cláudio Castro sejam concluídos.
Castro solicitou que lideranças do CV sejam transferidas para diferentes presídios federais. Os trâmites estão em andamento entre o estado e o Tribunal de Justiça.
Objetivo é dificultar a comunicação entre eles. Equipe de segurança pública do Rio espera que, com isso, a estrutura do CV dentro do sistema prisional seja enfraquecida.
Cúpula da facção criminosa é apontada de comandar, de dentro da prisão, retaliações contra a polícia. Operação realizada no Rio nesta terça-feira (28) deixou 119 pessoas mortas, incluindo quatro policiais. O número ultrapassa o total de vítimas do massacre do Carandiru, em São Paulo, que deixou 111 presos mortos.
Governo federal diz que espera que transferências sejam realizadas o mais rápido possível. André Garcia, secretário de Políticas Penais do Ministério de Justiça, afirmou que em uma situação como essa, algumas formalidades podem ser antecipadas. “Adotamos todas as providências preliminares para que essa transferência se dê o mais rapidamente possível. Não só para essa vagas solicitadas, mas o sistema federal está à disposição para outras transferências necessárias”, disse à CNN.
OPERAÇÃO MAIS LETAL DA HISTÓRIA
Operação deixou 119 mortos e prendeu 113 pessoas, segundo balanço divulgado pela polícia. O número de vítimas, atualizado na tarde desta quarta-feira (29), inclui quatro policiais. Esta se tornou a ação policial mais letal da história do Brasil, ultrapassando o massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos.
A maioria dos mortos foi retirada por moradores de uma área de mata no Complexo da Penha nesta manhã. Voluntários moveram os corpos com ajuda de carros emprestados e enfileiraram os cadáveres na praça São Lucas.
O UOL contou 65 mortos na praça São Lucas, enquanto moradores afirmaram que tiraram cerca de 70 corpos da área de mata. Eles alegaram que tentaram ir até a região do confronto nesta terça-feira (28), mas que foram impedidos pela polícia. No local, a reportagem encontrou marcas de sangue, estojos de balas disparadas, objetos pessoais, como uma capa de celular, e uma camisa de time com furo de bala.
Polícia Civil abriu inquérito e vai investigar quem tirou os corpos da mata. As pessoas serão investigadas por fraude processual por terem, supostamente, retirado as roupas das pessoas que estavam com roupas camufladas, informou o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Felipe Curi.
Nove pessoas ficaram feridas: três moradores e seis policiais, quatro civis e dois militares. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que os mortos fazem parte da facção e a polícia disse que criminosos de outros estados que estavam refugiados na região também foram vitimados. As identidades dos mortos não foram divulgadas até o momento.
Até então, a ação mais mortal na história do Rio era a operação policial na favela do Jacarezinho, em 2021. Em 6 de maio daquele ano, a incursão na comunidade da zona norte do Rio terminou com 28 pessoas mortas.
Operação tornou-se também a mais letal do país, passando o massacre do Carandiru, de 1992. Naquele ano, o complexo penal foi palco da maior chacina ocorrida em uma prisão brasileira. O episódio durou 30 minutos e provocou a morte de 111 detentos.
O QUE É A OPERAÇÃO CONTENÇÃO
A Operação Contenção mobilizou 2.500 agentes para desarticular lideranças do Comando Vermelho. Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em localidades diferentes da capital nesta terça-feira (28). Segundo a PCERJ, a ação é resultado de um ano de investigação envolvendo, também, o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Polícia prendeu 113 pessoas e apreendeu 10 adolescentes. Entre os detidos, 33 são de outros estados. Segundo a PCERJ, foram apreendidas 118 armas, entre elas 91 fuzis. O número exato de drogas e munições apreendidos não foi informado pelos órgãos e ainda são contabilizados.
Entre os presos está Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão do Quitungo”, homem de confiança de Doca, um dos líderes do CV nas ruas. Doca não foi encontrado pela polícia, que aumentou para R$ 100 mil a recompensa por pistas que possam levar até ele.
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Fonte: Notícias ao Minuto







