Diabetes ou hipertensão tendem a gerar insuficiência renal, aponta Hospital Abelardo Santos

Duas comorbidades estão diretamente associadas à insuficiência renal: diabetes e hipertensão. A insuficiência renal – doença crônica – ocorre quando os rins perdem a capacidade de filtrar e eliminar toxinas do sangue, ocasionando várias complicações. De acordo com levantamento realizado pelo Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), 60% dos pacientes atendidos com o problema tem uma ou as duas comorbidades.

O Hospital Abelardo Santos, localizado no distrito de Icoaraci, é especializado no tratamento da doença por hemodiálise tradicional e por diálise peritoneal. Somente em 2024, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) realizou 23.024 procedimentos de hemodiálise, uma média de 1,9 mil por mês. Esse número representa um aumento de 21,51% em comparação ao ano anterior, que registrou 18.947 sessões.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), as doenças renais crônicas atingem mais de 10 milhões de pessoas no Brasil. Devido aos altos índices, diversas campanhas são promovidas no Dia Mundial do Rim (13 de março). A iniciativa visa aumentar a conscientização sobre a importância do cuidado dos rins para a qualidade de vida e a prevenção de problemas renais, e informações sobre os tratamentos como forma de promover a saúde da população.

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Profissionais de saúde do Hospital Abelardo Santos apontam que as doenças renais são condições potencialmente graves, caracterizadas pela perda da função dos rins, podendo ser agudas ou crônicas. Entre as patologias mais comuns, destacam-se os cálculos renais (pedra nos rins), a infecção renal (pielonefrite), cistos, tumores renais e a insuficiência renal. Dentre as principais causas da doença incluem hipertensão e diabetes.

A maioria dos pacientes do Programa de Terapia Renal Substitutiva (STRS) do HRAS é diabético. “A glicose desregulada prejudica o organismo, podendo desencadear processos inflamatórios. O excesso de açúcar sobrecarrega os rins, fazendo com que filtrem excesso de sangue, levando à perda de proteínas na urina”, explica nefrologista Luis Cláudio.

O especialista destaca que a hipertensão pode causar danos aos vasos sanguíneos dos rins ao longo do tempo, tornando-os mais estreitos, rígidos e menos eficientes no fornecimento de sangue. Com isso, a circulação fica prejudicada, fazendo com que os rins recebem cada vez menos oxigênio e nutrientes essenciais, comprometendo sua capacidade de filtrar o sangue corretamente.

“O problema é que, na maioria dos casos, a insuficiência renal é silenciosa e, quando os sintomas surgem, a doença já se encontra em estágio avançado. Os sinais, como inchaço nas pernas, necessidade frequente de urinar à noite, e a presença de espuma ou sangue na urina, são sintomas tardios. Esses sinais geralmente indicam que a doença está em um estágio avançado”, detalha Luis Cláudio.

Por esse motivo, pessoas diabéticas e hipertensas devem estar sempre atentas. Independentemente da idade, a insuficiência renal pode atingir de jovens e idosos. Aos 24 anos, Odriano França foi diagnosticado com a doença crônica. “Saí com minha esposa e, ao chegar em casa, fiz esforço e senti um incômodo nas costas. Pensei que não era nada grave, mas meu rosto e pés incharam. Procurei um médico e, então, fui informado sobre o problema”, contou ele, que é natural da Ilha do Marajó.

Hipertenso, Odriano, agora com 29 anos, não sabia dos riscos que a doença crônica poderia representar para a saúde dos rins. “A gente não compreende e, às vezes, negligencia até que algo mais grave aconteça, como no meu caso. Atualmente, divido minha rotina entre minha casa e as sessões de hemodiálise, três vezes por semana, quatro horas de duração”, ressalta o autônomo.

Tânia de Souza Camelo, 42 anos, considera que as campanhas são essenciais para conscientizar para alertar sobre os riscos da doença renal e a prevenção. “Descobri aos 28 anos. Não foi fácil, pois precisei parar de trabalhar e comparecer frequentemente às sessões de hemodiálise. Sempre aconselho: realizem exames de rotina regularmente para evitar complicações”, enfatiza a assistente social.

Prevenção

O diagnóstico precoce é crucial para o tratamento, porém mais importante do que tratar a doença é preveni-la. Os profissionais orientam a adotar uma alimentação equilibrada, com baixo teor de sal, consumir bastante água, evitar o sedentarismo, praticar atividades físicas regularmente, evitar o tabagismo e buscar uma melhor qualidade de vida.

“Ao procurar um médico para realizar o tradicional check-up, é fundamental solicitar a inclusão de exames que avaliem, por exemplo, a taxa de creatinina e ureia, que são os principais indicadores da função renal. Caso haja histórico de doenças renais na família, pressão alta, diabetes ou outros fatores de risco, esses exames devem ser realizados com regularidade”, completa Luis Cláudio.

A porta de entrada para as consultas e exames iniciais é a Atenção Primária à Saúde, e o cidadão deve se dirigir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. Quanto ao tratamento, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece três opções de Terapia Renal Substitutiva (TRS) sem custo: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal, destaca o especialista.

Tipos de diálise

  • Hemodiálise tradicional: utiliza uma máquina para filtrar o sangue do paciente. O sangue é retirado, passa por um filtro (chamado dialisador) para eliminar resíduos e excesso de líquidos, e depois é reintegrado ao corpo. Esse processo é realizado em sessões de três a quatro vezes por semana, cada uma com duração de 3 a 5 horas, exigindo que o paciente se desloque até um centro de diálise ou hospital.
  • Diálise peritoneal: permite ao paciente realizar o tratamento em casa, evitando deslocamentos frequentes à unidade de saúde e proporcionando maior flexibilidade na rotina. Esse procedimento utiliza o peritônio – a membrana que reveste o abdômen – como filtro para remover toxinas do sangue, simulando a função renal de forma menos agressiva ao organismo.
  • Transplante: Consiste na substituição do rim doente por um saudável. Para entrar na lista de transplantes, deve-se passar por uma avaliação criteriosa, que inclui exames clínicos, laboratoriais e cardiológicos, e estar ativo no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A compatibilidade entre doador e receptor é fundamental para reduzir riscos de rejeição e aumentar as chances de sucesso do procedimento.

 

Com Informações: O Liberal

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