SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar está em queda nesta quarta-feira (2), com o mercado atento a negociações entre os Estados Unidos e parceiros comerciais, conforme o fim da trégua tarifária se aproxima. Dados de emprego norte-americanos também são destaque.
Na cena nacional, o foco está voltado ao impasse em relação ao decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), derrubado no Congresso Nacional na semana passada e defendido pelo governo Lula (PT).
Às 12h53, a moeda recuava 0,58%, cotada a R$ 5,428, a caminho de renovar a menor cotação do ano. Já a Bolsa brasileira caía 0,36%, a 139.034 pontos.
O fim do prazo imposto pelo presidente Donald Trump para negociações comerciais se aproxima. Os países têm até a próxima quarta-feira, 9 de julho, para traçar acordos com os Estados Unidos, a fim de evitar a imposição de tarifas de importação mais altas. Passado o prazo, volta a incidir o tarifaço de 2 de abril.
Trump indicou na terça que não deve estender o período. Ao mesmo tempo, os acordos atingidos durante os 90 dias de trégua ficaram aquém das expectativas.
“Tivemos um memorando mais formal de entendimento com o Reino Unido, que é muito restrito a alguns setores específicos, e uma trégua temporária com a China, que segue em negociação.
Não tivemos grandes avanços, o que pode forçar Trump a estender o prazo”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Alguns dos principais funcionários de comércio do governo estão abaixando a régua para alcançar o máximo de acordos possível, segundo reportagem do Financial Times. Apesar do plano simbolizar um recuo da promessa da Casa Branca, que visava 90 acordos durante os 90 dias de trégua, ele também oferece a chance de alguns países fecharem entendimentos mais modestos e que podem ser melhor desenvolvidos depois.
A busca do governo Trump é por um “princípio de acordo” com alguns países que já estão com negociações adiantadas, disseram quatro pessoas familiarizadas com o assunto. Os que concordarem com essas tratativas serão poupados das tarifas mais severas, mas ficarão com a taxa existente de 10% enquanto as negociações sobre questões mais espinhosas continuam.
As incertezas sobre o comércio global pautam o apetite dos investidores. Nesta sessão, o dólar se fortalece globalmente, com o índice DXY, que o compara a seis moedas fortes, avançava 0,44%, a 97,07 pontos.
“A incerteza em relação à política comercial dos EUA -como é que vai ficar depois de 9 de julho, quais vão ser as tarifas- tende a aumentar a aversão a risco dos investidores globalmente, o que favorece o desempenho de ativos considerados seguros”, afirma Mattos.
Dados do relatório ADP, que mede a criação de vagas no setor privado dos EUA, também afetam as negociações. O número de postos de trabalho reduziu em 33 mil em junho, contrariando as expectativas de abertura de 100 mil vagas.
Além de frustrar as projeções, o relatório também mostra outro lado do mercado de trabalho. Na terça, o Jolts indicou que a criação de vagas no país ficou em 7,8 milhões em maio, acima dos 7,3 milhões esperados por analistas.
Os dados são acompanhados de perto pelos investidores, que buscam pistas sobre a trajetória do mercado de trabalho dos Estados Unidos e, por consequência, sobre as decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano). O relatório oficial, o “payroll”, será divulgado na quinta-feira.
Operadores têm reduzido as apostas de um corte de juros na próxima reunião, na esteira dos dados de emprego e de falas do presidente do Fed, Jerome Powell. Ele reiterou na terça-feira que o banco central aguarda maior clareza sobre o impacto das tarifas na economia do país para determinar a política monetária.
Já na cena doméstica, o IOF domina as discussões. Apesar da resistência de uma ala do governo e do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu brigar na Justiça pela reativação do decreto, derrubado pelo Congresso Nacional na semana passada.
A AGU (Advocacia-Geral da União) protocolou uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) na terça-feira. A ideia é questionar a constitucionalidade da decisão do Congresso, com base na análise técnica e jurídica.
“A avaliação técnica dos nossos advogados, e que foi submetida ao senhor presidente da República, foi que a medida adotada pelo Congresso Nacional acabou por violar o princípio da separação de Poderes”, disse Jorge Messias, advogado-geral da União.
Na terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o cumprimento da meta fiscal de 2026 depende da efetivação da iniciativa que eleva o IOF, da medida provisória que aumentou tributos sobre aplicações financeiras e de projeto a ser apresentado para cortar R$ 15 bilhões em benefícios tributários.
Haddad disse que as medidas elaboradas pelo governo buscam corrigir distorções e fechar brechas do sistema.
Novos desenrolares sobre a questão podem influenciar as negociações ao longo do dia.
Leia Também: Ataque hacker desvia ao menos R$ 500 milhões de empresa que opera Pix
Fonte: Notícias ao Minuto