Especialista alerta para cuidados com uso de ferramenta de Inteligência Artificial

Especialista alerta para cuidados com uso de ferramenta de Inteligência Artificial

O uso da nova ferramenta de inteligência artificial da OpenAI para criar imagens semelhantes ao estilo do Studio Ghibli com fotos pessoais ou memes se popularizou na internet. A criação suscitou novamente debates sobre os direitos autorais e os cuidados com informações pessoais que são utilizadas por ferramentas de IA. O professor da área de IA da Faculdade de Computação e superintende de inovação e desenvolvimento da Universidade Federal do Pará (UFPA), Filipe Saraiva, alerta para os cuidados que os usuários precisam ter com os dados que disponibilizam para as ferramentas.

“Sempre que você sobe um dado para a internet, esse dado vai para algum computador. Quando a informação vai para a nuvem, esse computador que armazena é propriedade de alguém, e no fundo você está entregando os dados para quem tem o controle da máquina. Você entrega para algum controlador”, destacou.

De acordo com Saraiva, as fotos utilizadas para criar as imagens estilizadas no Studio Ghibli e qualquer informação enviadas para a OpenAI servem para realimentar os bancos da IA, o que faz com que tenha mais informações ainda. “As imagens que são enviadas são utilizadas para realimentar os bancos de IA, que vão ser reprocessados por essas máquinas para que aprendam mais qualificações de padrões, e no fundo isso é o mínimo”, aponta.

Como as informações vão para empresas privadas, Filipe alerta para a dificuldade de saber efetivamente o que será feito com os repassados. Apesar dos termos de utilização, que são assinados entre usuários e plataformas, não há garantia de que as empresas não utilizarão os dados para outros fins.

“Pelos termos de uso quando você apaga o perfil diz que os teus dados nãos vão ficar guardados lá, só que isso vai da fé das pessoas nessas empresas que trabalham justamente com muitos dados para lançar os seus produtos. Dificilmente esses dados serão apagados, porque eles precisam disso para poder alimentar o sistema. Esse modelo é acumulativo, não tem etapa de esquecimento”, ressalta.

Outro problema são os direitos autorais envolvidos nas obras de artistas, jornalistas e criadores. Neste momento a obra do cineasta japonês Hayao Miyazaki e do Studio Ghibli ganhou destaque. Para gerar respostas, as ferramentas de Inteligência Artificial precisam de gigantescos bancos de dados com informações geradas por seres humanos. O dilema é que essas ferramentas somente respondem ou criam em cima de produtos feitos por pessoas que não são remuneradas para esse uso.

“Claramente há uma questão cinza de direito autoral, porque os produtos culturais, filmes e livros, e a propriedade intelectual que existe neles não foram pensados para alimentar máquinas e para reproduzir de outras formas. Provavelmente, neste caso a máquina processou todos os filmes da empresa Studio Ghibli, trabalhou sobre centenas talvez milhares de horas de animação até aprender como era o padrão do desenho, para aprender como é o traço do Miyazaki, ao ponto de aplicar filtros em outras imagens que case com o padrão e as pessoas digam ‘isso aqui é do Estúdio Ghibli’. Certamente o estúdio não fez os filmes para utilizar dessa forma”, enfatiza.

O próprio Miyazaki já chamou o uso de IA para animações de “um insulto à própria vida”. Um clipe de um documentário sobre o artista voltou a circular nas redes sociais após a popularidade do filtro. Naquela ocasião, a discussão era sobre a animação de imagens criadas pelo próprio estúdio.

A discussão é extremamente complexa. Em vários locais do mundo, a legislação tenta acompanhar o desenvolvimento tecnológico e a inovação de empresas privadas. “A OpenAI, do ChatGPT, capta muito bilhões, ou está muito próximo do trilhão de dólares de valor. Existe uma questão muito complexa nisso. Já há associação de autores e editores de livros que estão processando as empresas de Inteligência Artificial, e alguns países estão tentando remunerar esses autores, como a Coréia do Sul, que tenta algo neste sentido”, esclarece.

Apesar dos cuidados e das polêmicas com a utilização das ferramentas de IA, o especialista na área ressalta que não se pode demonizar a tecnologia e as novidades permitem aumentar muito a produtividade.

“É um produto que entrega muito valor, entrega muita produtividade e faz coisas mais rápidas. É necessário ficar atento porque nem sempre essas informações que estão lá são as mais corretas e mais precisas. Não se pode esperar que a fonte seja apenas o ChatGPT, sempre tem que confirmar se aquilo faz sentido ou não. É o que nós chamamos de ‘alucinação’ da IA. Elas inventam coisas e isso não é algo que acontece pontualmente. Se ela não sabe, ela vai cruzar tantas informações que vai dar uma resposta que não faz sentido. A gente sempre precisa utilizar de forma crítica a tecnologia”, assegura.

 

Com Informações: O Liberal

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