Os protestos ocorridos na quarta-feira (12) em frente ao Congresso da Argentina, contra os cortes nas pensões dos aposentados, resultaram em centenas de prisões e dezenas de feridos.
O mais gravemente ferido é Pablo Grillo, um fotógrafo freelancer. Ele estava capturando imagens de policiais durante os confrontos quando foi atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo que atingiu sua cabeça, causando uma fratura no crânio, de acordo com seu pai, Fabián Grillo. O fotógrafo teve que ser hospitalizado com urgência e está em estado crítico.
Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o momento em que um policial atirou em Grillo, que estava agachado para tirar as fotos. O cartucho ricocheteou no chão, o fotógrafo foi atingido na cabeça pelo cartucho e caiu instantaneamente.
Em resposta ao incidente, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, declarou que Pablo Grillo era um ativista kirchnerista e descreveu os presos durante o protesto como “criminosos”.
Em resposta ao ministro, o pai do fotógrafo declarou que eles são “uma família de ativistas, dizemos isso com orgulho. Ele é um ativista e também fotógrafo, estava trabalhando de forma independente, documentando, como sempre faz”, disse Fabián aos repórteres do lado de fora do hospital onde Pablo está sendo tratado.
Entenda os protestos na Argentina
Há várias semanas, aposentados têm se reunido em frente ao Congresso às quartas-feiras para rejeitar as políticas do governo e protestar contra a situação econômica do país. Embora o protesto desta quarta-feira (12) tenha sido um dos mais violentos desde que Javier Milei assumiu a presidência da Argentina no final de 2023, incidentes também ocorreram durante manifestações anteriores.
No entanto, o protesto desta quarta não contou apenas com a presença de aposentados, mas também incluiu torcedores de clubes de futebol, hooligans e membros de organizações políticas que, em resposta aos repetidos protestos e incidentes, decidiram intervir em solidariedade aos aposentados.
Em resposta à notícia de que outros setores também participariam desta vez, o Ministério da Segurança alertou que “dada a possível participação de torcedores argentinos na passeata”, medidas rigorosas seriam implementadas para garantir a ordem e a segurança públicas”.
Os aposentados estão entre os mais afetados pela onda de cortes implementada pelo governo Milei, que priorizou o déficit fiscal como a base de sua política econômica.
Na Argentina, 63,5% dos aposentados recebem a pensão mínima, que é de 279.121 pesos (R$ 1.519,37). Embora tenham recebido bônus adicionais, eles perderam valor diante da inflação, que chegou a 117,8% em 2024.
Ao longo do dia, houve confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança, que, como parte de uma operação em larga escala que implementou o protocolo “anti-piquete” e dispersou a reunião, responderam com gás lacrimogêneo, spray de pimenta, canhões de água e balas de borracha.
De acordo com um relatório da Polícia da Cidade de Buenos Aires, mais de 150 pessoas foram presas. Além disso, o Sistema de Atendimento Médico de Emergência (SAME) informou que 46 pessoas ficaram feridas, incluindo 20 manifestantes e 26 agentes das forças de segurança.
Outro vídeo que viralizou nas redes sociais mostra o momento em que um policial disparou gás lacrimogêneo contra uma aposentada, que se defendeu com sua bengala. Em resposta, o policial a empurrou e a aposentada acabou caída no chão.
Também foram registrados danos materiais, incluindo uma viatura policial que capotou e ficou completamente queimada no meio da rua.
Após investigações sobre os confrontos, o tribunal ordenou a libertação de 114 pessoas presas durante o protesto.
Com Informações: CNN Brasil