Galípolo diz que economia brasileira tem série de subsídios ‘cruzados, perversos e regressivos’

Galípolo diz que economia brasileira tem série de subsídios ‘cruzados, perversos e regressivos’

Presidente do Banco Central também disse que é possível que os canais de transmissão da política monetária do Brasil não tenham a mesma fluidez que em outros países, o que explicaria juros altos para controle da inflação

Kayo Magalhães/Câmara dos DeputadosAfirmação foi realizada durante sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem aos 60 anos da autarquia

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 1º de abril, que a economia brasileira conta com uma série de subsídios cruzados, perversos e regressivos. A afirmação foi realizada durante sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem aos 60 anos da autarquia. “É natural, todo mundo gostaria de ter o melhor dos dois mundos. Todo mundo gostaria de poder receber o benefício dos dois lados, mas cabe à gente, também do Banco Central, explicar, discutir melhor essas questões com a sociedade. Este é um dos principais desafios da autoridade monetária, esse tema da comunicação”, assegurou o presidente do BC.

Galípolo enfatizou que o tema é “absolutamente novo” para a autoridade monetária até os meados dos anos 90. “Mesmo as autoridades monetárias das principais economias do mundo não comunicavam nem suas decisões de política monetária, que são temas que vem crescendo, que impõem o desafio do Banco Central de falar sobre política monetária”, lembrou. Para o presidente do BC, a comunicação é quase uma arte e precisa ser feita para além dos agentes financeiros. “As autoridades monetárias precisam cada vez mais dialogar com o público mais amplo. Não só sobre política monetária, mas sobre vários outros temas: estabilidade, combate a fraudes, golpes que afetam milhões de pessoas, regulação, mudanças legais que podem afetar e que podem afetar milhões de pessoas”, enumerou.

Nesse sentido, de acordo com ele, é “absolutamente bem-vindo que a instituição de política monetária vá ganhando cada vez mais espaço no debate público”. Sem citar o nome do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que costumeiramente comenta a política de juros, nem deputados que o antecederam no evento desta terça e que foram críticos à política monetária do BC Galípolo ressaltou que pessoas públicas eleitas têm o direito de se pronunciar sobre o trabalho do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Isso é essencial, é importante e é óbvio que é legítimo, especialmente por quem foi democraticamente eleito. Quem foi democraticamente eleito tem todo o direito”, disse.

“Eventualmente, você precisa dar doses maiores do remédio”

O presidente do Banco Central também disse que é possível que os canais de transmissão da política monetária do Brasil não tenham a mesma fluidez que em outros países. Isso pode explicar a razão pela qual o País precisa de juros mais altos para controlar a inflação, argumentou. “Eventualmente, você precisa dar doses maiores do remédio para conseguir o mesmo efeito”, disse Galípolo, durante uma sessão. O chefe da autoridade monetária tentava rebater críticas de deputados que, durante a sessão, pediram a redução da taxa Selic Minutos antes, Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) havia dito que não faria sentido o Brasil ter juros de 14,25% ao ano, contra 5% nos Estados Unidos, e afirmou que seria “inaceitável” Galípolo seguir a mesma metodologia do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.

O atual presidente do BC afirmou que, na literatura internacional e nas conversas com outros banqueiros centrais, o principal questionamento é como o Brasil pode ter juros que seriam elevados para vários países e, mesmo assim, ter uma economia dinâmica. Ele lembrou que, recentemente, o desemprego caiu ao menor nível da história no País, e o rendimento das famílias cresceu às máximas.

Galípolo citou a estrutura de subsídios da economia brasileira como uma das explicações para o mau funcionamento dos canais de transmissão. “Nós temos uma série de subsídios cruzados, perversos e regressivos na sociedade brasileira. E talvez para nós, do Banco Central, esses trade-offs, como a gente costuma chamar, esses ônus e bônus, essas trocas, sejam mais evidentes”, disse.

*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Fernando Dias

Com Informações: Jovem Pan

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