Gentrificação ou progresso? A esquerda contra o desenvolvimento urbano de Belém

Gentrificação ou progresso? A esquerda contra o desenvolvimento urbano de Belém

Uma cidade não vive apenas de memória e resistência simbólica. Belém, assim como qualquer outra capital, precisa crescer, se modernizar e gerar novas oportunidades para seus moradores — especialmente para quem mais precisa. Mas basta surgir um projeto de revitalização urbana em um bairro popular para que a militância de esquerda reaja com fúria nas redes sociais, como se qualquer transformação fosse sinônimo de opressão.

Foi exatamente isso que ocorreu com o anúncio da Villa Contêiner, empreendimento em implantação na Marquês de Herval, no bairro da Pedreira, em Belém. O projeto, que promete movimentar a economia do bairro, gerar empregos e valorizar uma das áreas mais pulsantes da cidade, foi taxado de “gentrificação” por militantes de esquerda — muitos dos quais, vale destacar, não moram no bairro e raramente enfrentam a realidade da periferia que dizem defender.

Num post no X (antigo Twitter), um internauta reclamou: “Tá vindo a Villa Contêiner na Marquês… É galera, estão acabando com a periferia mesmo!”. A crítica, superficial e previsível, escancara um vício ideológico que trava o debate urbano no Brasil: para alguns setores da esquerda, qualquer sinal de investimento privado é encarado como ameaça.

Mas o que está realmente em jogo aqui?

Modernização não é exclusão

A crítica à gentrificação é válida quando há remoções forçadas, elitização abrupta e negação de pertencimento, como já ocorreu em grandes centros do país. Porém, esse não é o caso da Pedreira. A Villa Contêiner não expulsa ninguém, não derruba moradias e não afasta feiras populares. Pelo contrário, soma possibilidades a um bairro que vive da mistura entre tradição e reinvenção, como bem apontou um morador: “A cidade caminha para um cenário que vai misturar essas duas coisas”.

Se por um lado os mesmos militantes dizem lutar contra o abandono urbano, por outro são os primeiros a atacar quando algo muda. Trata-se de uma esquerda contraditória, que romantiza a precariedade sob o rótulo de “autenticidade”, mas rejeita qualquer tentativa de evolução urbana que envolva iniciativa privada ou estética contemporânea.

Gentrificação ou apego ao atraso?

É preciso separar gentrificação de valorização urbana planejada. O primeiro termo se refere a um processo descontrolado, que exclui. O segundo pode significar transformação positiva com inclusão e geração de renda. Em cidades como Belém, onde comércio e serviços são as principais atividades econômicas e não há um parque industrial forte como o de Manaus, apostar em projetos inovadores e bem implantados é uma das poucas saídas para dinamizar a economia da cidade.

Criticar a revitalização da Pedreira sob o argumento de que “isso acaba com a periferia” é, no fundo, uma defesa do imobilismo e da estagnação. E isso, definitivamente, não é resistência. É apego ao atraso.

Enquanto cidades do mundo inteiro celebram a reinvenção de bairros antes esquecidos, em Belém há quem torça contra, simplesmente porque o progresso não veio pintado de vermelho. O resultado é uma militância cada vez mais desconectada da realidade urbana, incapaz de enxergar que o morador da periferia também quer mais: mais emprego, mais segurança, mais opções de lazer, mais dignidade.

Defender a cidade é permitir que ela mude — com planejamento, com diálogo, mas também com coragem. Belém precisa disso. E a Pedreira merece.

Com Informações: Para Web News

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