Golpistas criaram cerca de 30 sites falsos sobre a COP 30 com o objetivo de roubar dados dos internautas e cometer crimes online. As páginas traziam informações relacionadas, por exemplo, a hospedagens e até mesmo a trabalho voluntariado para o evento que acontece em Belém até o dia 21 deste mês.
João Brasio, especialista em cibersegurança e CEO da Elytron Cybersecurity, alerta que ainda precisamos consolidar uma cultura de segurança digital cotidiana, apesar de contarmos com profissionais e empresas de ponta no país. “Esses golpes revelam menos uma falha técnica e mais uma fragilidade cultural em relação à atenção e aos processos digitais. A tecnologia evoluiu, mas o comportamento ainda precisa acompanhar esse avanço”, diz Brasio.
Com base no levantamento da Kaspersky, empresa russa de tecnologia especializada em segurança digital, o especialista destaca ainda a necessidade de coordenação entre o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Polícia Federal e empresas privadas. “Hoje o Brasil ainda sofre com uma grande fragmentação regulatória, onde cada setor adota suas próprias regras. Um marco nacional bem estruturado pode trazer clareza, incentivar a cooperação público-privada e fortalecer a capacidade de resposta a incidentes”, complementa.
Outro ponto fundamental é estimular a formação de novos profissionais e garantir investimentos sustentáveis em defesa cibernética. Para o CEO da Elytron Cybersecurity, o fortalecimento da cibersegurança passa, antes de tudo, pela educação digital. “Desde o cidadão comum até as lideranças de grandes empresas e órgãos públicos. Segurança é um ecossistema, e a vulnerabilidade de um ator pode comprometer toda a cadeia”.
“Por fim, é preciso enxergar a cibersegurança como um investimento contínuo, e não como um projeto pontual. Com educação, cooperação e investimento constante, o Brasil tem todas as condições de deixar de ser um dos países mais visados por ataques para se tornar referência em resiliência digital na América Latina”, conclui o especialista em segurança digital.
A seguir, Brasio aponta os principais pontos de vulnerabilidade digital em eventos de grande porte:
• Sistemas de credenciamento, considerados a “porta de entrada” das delegações e autoridades;
• Serviços de tradução simultânea e transmissões online, que podem ser suscetíveis à disseminação de mensagens falsas ou alarmistas;
• Aplicativos e plataformas de streaming, que exigem criptografia e monitoramento em tempo real;
• Certificações e auditorias internacionais, necessárias para garantir padrões globais de segurança;
• Delegações de alto risco e cobertura midiática internacional, que elevam o nível de ameaça.
A Redação Integrada de O Liberal procurou as autoridades para comentarem o assunto e aguarda retorno.
Com Informações: O Liberal







