Homem é preso por suspeita de causar acidente para ocultar feminicídio em Minas Gerais

Homem é preso por suspeita de causar acidente para ocultar feminicídio em Minas Gerais

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu em flagrante na segunda-feira (15) um homem suspeito de ter provocado um acidente em Itaúna, na região oeste do estado, para ocultar um feminicídio.

Alison de Araújo Mesquita, 43, foi detido no velório da companheira, Henay Rosa Gonçalves Amorim, 31, e aguarda audiência de custódia, que deve definir se sua prisão será mantida.

Procurado desde o início da tarde desta terça-feira (16), o advogado do suspeito não retornou às tentativas de contato.

Uma denúncia de uma funcionária de uma praça de pedágio em Itaúna fez a polícia suspeitar de que a morte da vítima, antes registrada como causada por um acidente de trânsito, poderia ter sido um feminicídio.

A mulher reportou ao superior ter visto um carro em que o homem, que estava no banco do passageiro, pilotava o carro com os braços e a perna sobre a mulher, que estava no banco do motorista e aparentava estar inconsciente.

A Polícia Civil então foi acionada por familiares da vítima no último domingo e passou a fazer diligências para identificar a causa da morte.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, a corporação começou a monitorar o suspeito e solicitou que fosse refeito o exame de necropsia.

O segundo laudo, que considerou as suspeitas de feminicídio, identificou indícios de asfixia na vítima, de acordo com João Marcos do Amaral Ferreira.

A polícia afirma também ter colhido depoimentos de testemunhas que afirmaram que existia um contexto de violência doméstica entre o casal, que morava junto havia cerca de sete meses em Belo Horizonte.

“Após as oitivas dessas testemunhas que indicavam com elementos fortes de ter havido feminicídio, o autor [suspeito] acabou confessando que teria agredido a vítima inclusive durante o trajeto”, disse Ferreira.

O delegado afirmou que o suspeito indicou o local onde ele teria asfixiado a vítima, que seria compatível com as lesões encontradas no segundo exame de necropsia.

Alison, porém, negou em depoimento que a vítima morreu antes do acidente e afirmou aos policiais que ela teria recobrado a consciência e jogado o veículo em que estavam contra um micro-ônibus que vinha na contramão.

A versão do suspeito é contestada pela polícia. O delegado afirma que uma testemunha do acidente, que estava no micro-ônibus, relatou aos policiais que foi checar os sinais vitais da vítima e ela estaria gelada.

“Segundo a literatura médico-legal, o corpo da pessoa começa a resfriar de uma a duas horas depois da morte. Essa testemunha afirmou que a vítima estava com sangue nas narinas estancado e seco, o que não seria compatível com a morte no acidente”, disse.

Os investigadores agora tentam identificar se Henay já estava morta quando o casal deixou o apartamento na capital mineira. Para isso, foram solicitadas imagens do circuito de segurança do prédio onde eles moravam.

“O que nos parece seguro dizer é que ele quis ocultar esse feminicídio. É forjar uma hipótese para que a morte dela fosse ocultada”, afirmou o chefe do 7º Departamento de Polícia Civil, delegado Flávio Destro.

A apuração também tenta identificar qual teria sido a causa da morte de Henay, por trauma cranioencefálico ou asfixia.

“As duas causas possíveis do óbito são compatíveis com o narrado pelo autor.

Porque ele confessa que bateu com a cabeça dela, por mais de uma vez, dentro do veículo, no trajeto de Belo Horizonte até o momento em que o acidente aconteceu. O que pode ter levado ao trauma cranioencefálico”, afirmou Flávio.

O médico-legista Rodolfo Ribeiro afirmou que foram coletados fragmentos de carótida e de laringe da vítima para análise mais detalhada no IML (instituto médico-legal) de Belo Horizonte.

Ele disse que no primeiro exame, feito após a suspeita da morte por colisão de trânsito, não foram identificados sinais no pescoço ou hematomas no resto do corpo.

Os indícios de asfixia só foram encontrados no segundo exame, feito em regiões que não fazem parte do protocolo padrão de necropsia, disse o profissional.

“Iniciamos o exame necroscópico da região cervical, onde foi dissecada mais profundamente a área. Nos deparamos com uma sufusão hemorrágica [extravasamento de sangue] na região cervical abaixo da orelha. O achado é compatível com uma constrição cervical externa na região cervical à direita. Ou seja, ela poderia ter sido asfixiada desse lado”, afirmou o médico-legista.

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Fonte: Notícias ao Minuto

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