O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou o recurso da defesa do oficial da Marinha Cristiano da Silva Lacerda, de 51 anos, e manteve a decisão de mandar o réu a júri popular. Ele foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pela morte dos ex-sogros, em 24 de junho de 2022, no Jardim Botânico, na zona sul do Rio.
O júri ainda não tem data para ocorrer.
No julgamento realizado nesta terça-feira (19), na 1ª Câmara Criminal da Capital, a defesa alegou que Cristiano tem “grave histórico de transtorno mental” e que, à época do crime, fez uso de medicamentos controlados e de álcool, cuja combinação teria provocado a perda de consciência.
“Após mais de duas décadas de crises de saúde mental, o capitão de fragata Cristiano Lacerda se viu em uma situação anômala: no dia 24 de junho de 2022, por volta das 23h, sem nenhum motivo aparente capaz de justificar ou exculpar sua conduta, o acusado cometeu o trágico duplo homicídio do casal hospedado em seu apartamento, onde vivia com seu então já ex-companheiro Felipe da Silva Coelho, filho das vítimas”, argumentou a defesa.
O Ministério Público, entretanto, apresentou laudos apontando que peritos atestaram a “plena sanidade mental” do oficial da Marinha.
“Portanto, plenamente provada a materialidade e colhidos indícios suficientes de autoria, bem como inexistente qualquer causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade comprovada de forma cabal, a manutenção da pronúncia do réu se impõe como medida de rigor”, diz a manifestação do MP.
Para o criminalista Ricardo Sidi, assistente de acusação, “o Tribunal decidiu corretamente tendo em vista que o laudo psiquiátrico e outras provas dos autos indicam que o réu agiu com plena consciência do que estava fazendo”.
Em setembro do ano passado, o juiz do caso reforçou que o crime ocorreu por meio cruel, “haja vista a multiplicidade dos golpes de faca desferidos contra as vítimas, impingindo-lhes elevado sofrimento”.
Circunstâncias
Ainda segundo a decisão, o crime dificultou a defesa das vítimas pois, “em tese”, foram atacadas de surpresa, quando já se preparavam para dormir.
Além disso, há o agravante de que os crimes foram cometidos contra pessoas idosas: Geraldo Pereira Coelho tinha 73 anos e Osélia da Silva Coelho, 72.
Cristiano Lacerda está preso preventivamente desde junho de 2022, quando o crime ocorreu. A CNN aguarda um posicionamento da defesa do réu.
Fim de namoro
À Justiça, o Felipe da Silva Coelho, disse que terminou o namoro com Cristiano alguns dias antes do assassinato.
Ele chegou a ser agredido pelo então namorado com um soco no peito. Felipe disse, ainda, que Cristiano afirmou que desejava a morte do ex-namorado.
Ainda segundo relato do filho das vítimas, Cristiano mandou uma mensagem para avisar que a mãe de Felipe estaria passando mal. Quando chegou em casa, o filho encontrou o corpo dos pais no sofá, cobertos de sangue. Ele, então, encontrou Cristiano dentro de um baú. O suspeito estava com a faca, cercado por comprimidos e uma garrafa de whisky.
*Com informações de Giovanna Bronze
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Fonte: CNN Brasil