Com o fechamento do Motel Centauro, no bairro do Umarizal, a casa adulta Locomotiva se mantém como a última sobrevivente da era de ouro da cena noturna de Belém. Fundado em 1977, o complexo se consolidou como referência no entretenimento adulto da cidade, oferecendo serviços diferenciados e um ambiente confortável e discreto para seus frequentadores.
Atualmente, o Locomotiva oferece shows sensuais, boate 24 horas, cabines eróticas e uma pousada com diversas opções de acomodação, incluindo quartos com piscina e pole dance. O espaço também conta com uma boutique erótica, a BelSexToys, além de um cardápio gastronômico diversificado. Situado na Avenida Pedro Álvares Cabral, no bairro da Sacramenta, o local segue atraindo clientes e mantendo sua reputação positiva ao longo dos anos.
O ciclo das casas noturnas de Belém
A cena noturna de Belém já foi marcada por espaços icônicos que deixaram sua marca na memória de muitos frequentadores. African Bar, Pororoca, Lapinha, Lobos Bar e Fiteiro são alguns dos estabelecimentos que fizeram história, mas que, com o passar dos anos, encerraram suas atividades.
A bancária Aída Neto, que retornou a Belém em 2015, recorda-se com nostalgia das noites no Fiteiro, onde costumava ir às quintas-feiras. “Foi um dos primeiros lugares onde retomei minha vida noturna. Lá, as festas sempre foram boas, e amizades foram construídas”, relembra. Ela menciona um show marcante da banda pernambucana Dirimbó e a presença ilustre de Seu Gogo, um senhor conhecido pelo talento na pista de dança. Hoje, o espaço onde funcionava o Fiteiro abriga uma farmácia.
O African Bar, um dos espaços mais badalados dos anos 1990, foi palco de apresentações de bandas de reggae, pagode, forró e rock, além de grupos alternativos locais. Por muito tempo, dominou as programações dos finais de semana, mas, após o encerramento, outras casas tentaram ocupar o mesmo espaço sem sucesso. Atualmente, o local encontra-se abandonado.
Memórias de um passado vibrante
A médica Danielle Campos relembra com humor os tempos em que dizia à mãe que dormiria na casa de uma amiga, quando, na verdade, ia escondida ao African Bar. “Era muito bacana. Sempre íamos escondidas porque minha mãe não deixava. Até hoje ela não sabe”, conta entre risos.
Outro ponto de encontro inesquecível era o Lobos Bar, na Cidade Velha, famoso pelo ambiente voltado para os amantes do rock. Inicialmente localizado em um espaço menor, posteriormente se mudou para a região do Polo Joalheiro, tornando-se um dos locais mais movimentados das madrugadas belenenses. Rafael Santos, 36 anos, recorda o clima único do bar. “Só tocava rock, tinha um ambiente incrível e exibia clipes que a gente adorava assistir. O bar enchia mesmo no final da madrugada e seguia até o amanhecer.”
Os desafios do entretenimento em Belém
A produtora cultural Sônia Ferro avalia que a cena noturna de Belém é cíclica, com casas de entretenimento que atraem público por um período e, depois, fecham as portas. Além disso, aponta que há uma parcela do público que não valoriza financeiramente os eventos culturais. “Muitas pessoas querem entretenimento, mas não querem pagar por ele”, observa.
Por outro lado, ela destaca iniciativas que vêm buscando alternativas para manter o setor ativo, como parcerias entre produtores e donos de casas noturnas para dividir lucros e custos. No entanto, lamenta a transformação de espaços culturais em farmácias ou o fechamento de estabelecimentos por inviabilidade financeira. “É muito triste ver locais incríveis sendo extintos”, desabafa.
Com Informações: Pará Web News
