O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou nesta segunda-feira (3/11) a Comunidade Quilombola Itacoã-Miri, localizada no município de Acará (PA), distante 120 km de Belém. Segundo o Censo de 2022 do IBGE, a comunidade é composta por 544 pessoas, distribuídas em 96 famílias. Esta visita integra uma série de encontros do presidente com comunidades paraenses, alinhando-se ao contexto da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá em Belém neste mês.
Durante a visita, Lula foi acompanhado pela ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e pelo ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), e o encontro incluiu uma conversa com os quilombolas, similar ao que ocorreu no dia anterior, quando o presidente e as ministras estiveram na Comunidade Jamaraquá e na Aldeia Vista Alegre do Capixauã.
(Foto: Tarso Sarraf)
Defesa da Amazônia e sustentabilidade
Lula destacou a importância de garantir a preservação da Amazônia, ressaltando que, para isso, é essencial oferecer apoio econômico às pessoas que protegem a floresta diariamente.
“O mundo inteiro fala da Amazônia como se fosse de todos, mas a Amazônia é território brasileiro, a maior reserva florestal do planeta”, disse o presidente. Para ele, é necessário que o mundo apoie financeiramente as comunidades que vivem na floresta, garantindo sua sustentabilidade. “A Amazônia precisa ser reconhecida mundialmente, e as pessoas precisam vir aqui, conhecer os rios, a fauna e, principalmente, o povo paraense”, afirmou Lula.
Compromissos com a comunidade quilombola
Durante o encontro, o presidente se comprometeu a ampliar e criar medidas para atender às necessidades dos quilombolas, incluindo melhorias nas políticas de crédito, assistência técnica e mecanização agrícola.
“Vamos melhorar a política de crédito, assistência técnica e apoio à mecanização, porque nosso objetivo é proporcionar dignidade e qualidade de vida para as famílias que vivem aqui”, afirmou Lula.
A Comunidade Quilombola Itacoã-Miri, titulada em 2003 e reconhecida como território quilombola em 2014, tem avançado significativamente desde a titulação, com melhorias em áreas como educação, saúde e infraestrutura. Zeca Alves, líder quilombola, destacou os benefícios de programas como Minha Casa, Minha Vida e Cheque Moradia.
(Foto: Tarso Sarraf)
Herança de saberes e educação
O presidente também conversou com os jovens da comunidade e enfatizou a importância de valorizar os conhecimentos tradicionais transmitidos de geração em geração.
“É importante que os mais jovens entendam o valor do que as gerações anteriores fizeram para que hoje possam desfrutar do que têm. Estou muito orgulhoso de ver os filhos das famílias quilombolas se formando e conquistando diplomas universitários”, declarou Lula.
A comunidade conta com uma escola quilombola, um posto de saúde atendido por uma enfermeira quilombola e um centro cultural com projeto de energia sustentável. Além disso, o acesso à educação é garantido por programas como a política de cotas para quilombolas, com destaque para a líder Élida Monteiro, a primeira mestra e doutoranda do município, que se beneficiou dessas iniciativas.
(Foto: Tarso Sarraf)
Projetos de sustentabilidade e produção agrária
A comunidade de Itacoã-Miri está desenvolvendo projetos voltados à sustentabilidade e à saúde. O Refloresta, iniciado em 2025, é um exemplo de iniciativa que implementa Sistemas Agroflorestais (SAFs) com espécies nativas e agrícolas. Essa parceria com diversas instituições visa à recuperação ambiental e à geração de renda, promovendo a soberania alimentar.
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O ministro Paulo Teixeira também reforçou os compromissos assumidos pelo presidente Lula, garantindo o reconhecimento federal dos territórios quilombolas e o apoio à mecanização da produção local. Ele destacou que a implementação de florestas produtivas, como o cultivo de açaí, dendê e cacau, será uma das principais ações para gerar renda e agregar valor à produção local.
(Foto: Tarso Sarraf)
Expectativas para a COP 30
A comunidade de Itacoã-Miri, representada pela Associação dos Moradores, possui uma rica tradição cultural e religiosa, com destaque para celebrações como o Círio de Nossa Senhora de Monte Serrat e festas juninas. Eliana Monteiro, moradora da comunidade, expressou as altas expectativas com relação à COP 30, destacando que o evento é uma grande oportunidade para a região, especialmente para as populações tradicionais, como ribeirinhos, extrativistas e quilombolas.
O presidente Lula finalizou sua visita ressaltando a importância das políticas públicas voltadas para a inclusão e o reconhecimento dos direitos dos povos tradicionais.
“A partir dos programas sociais do Governo Federal, estamos fazendo com que as comunidades como a de Itacoã-Miri tenham acesso à dignidade e à qualidade de vida, enquanto continuam a preservar a floresta sem desmatá-la”, concluiu o presidente.
Com Informações: O Liberal
				
															






