Mães recorrem a cirurgia plástica de corpo todo após gestação; veja riscos do 'mommy makeover'

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LUÍSA MONTE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sete meses após o parto de Ravi, a influenciadora Vitória Moraes, conhecida como Viih Tube, 24, compartilhou nas redes sociais que havia feito uma cirurgia de transformação. “Operei uma hérnia umbilical, fiz peito, abdominoplastia e lipoaspiração nas costas e nos braços. Amei”, disse ela, que também é mãe de Lua, de 2 anos.

A comerciante Isadora Barreto, 34, também optou por fazer um conjunto de cirurgias plásticas após dar à luz seu segundo filho. “Fiz a cirurgia tripla, chamada de ‘mommy makeover’. Fiz a lipoaspiração no corpo todo, a abdominoplastia e os seios também, a mastopexia [que levanta e remodela os seios]”, contou ela à Folha de S.Paulo.

“Mommy makeover” é o nome dado ao conjunto de procedimentos cirúrgicos estéticos realizados após o parto, com o objetivo de transformar áreas do corpo que foram impactadas pela gestação e amamentação. As cirurgias mais comuns incluem as três citadas pelas mulheres. Nesta modalidade, elas são realizadas em uma só operação.

Cirurgiões plásticos ouvidos pela Folha de S.Paulo dizem que grande parte das pacientes se programa para operar após darem à luz todos os filhos planejados.

Os médicos explicam como funcionam os procedimentos e quais são os pontos de atenção na hora de tomar a decisão e de operar, de fato. Eles ainda citam quais são os riscos e os custos do procedimento.

CUIDADOS ANTES DA CIRURGIA
Isadora Barreto conta que acompanhou seu médico nas redes sociais por dez anos até decidir realmente operar três anos após o nascimento de seu segundo filho.

A manicure e empreendedora Greiceane Volontè, 33, também diz que esperou dois anos após o nascimento do segundo filho. Antes da operação, teve que perder cerca de 20 kg. Ela mora em Córrego do Bom Jesus, no interior de Minas Gerais, e diz que optou por viajar até São Paulo para ser operada por um cirurgião de sua confiança.

O cirurgião José Cury, especializado em lipoaspiração, afirma que cada mulher passa por uma avaliação individualizada antes de ser operada. A preparação e o plano cirúrgico são “adaptados às suas necessidades e características corporais -não existe uma fórmula única”.

Segundo o médico, mulheres com doenças cardiovasculares descompensadas, problemas de coagulação sanguínea, distúrbios imunológicos, anemia severa ou que ainda estejam em fase de amamentação não devem realizar o procedimento.

“Além disso, pacientes com expectativa irreal de resultados ou sem suporte adequado no pós-operatório também devem ser cuidadosamente avaliadas”, diz Cury, que é membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

Tabagismo e sedentarismo também são fatores de contraindicação, segundo Marco Polo Rios, médico especializado em cirurgias associadas pelo Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM) e pela Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).

Os médicos dizem que é necessário esperar um período de três a seis meses após o parto ou após a última amamentação (a depender do caso) para realizar as cirurgias.

“Esse intervalo permite que o corpo se recupere dos efeitos da gestação e da amamentação. O tempo exato pode variar de acordo com a saúde da paciente, a estabilização do peso corporal, os exames laboratoriais e o estado emocional”, diz Cury.

Para Cury, alguns profissionais evitam indicar a operação por envolver múltiplas áreas do corpo, o que exige mais tempo, atenção rigorosa à segurança do paciente e uma recuperação cuidadosa. “Se a paciente não estiver em boas condições clínicas ou não tiver uma rede de apoio no pós-operatório, o ideal é adiar ou optar por etapas cirúrgicas separadas”, ressalta.

Os custos variam conforme a quantidade de cirurgias realizadas e as especificidades de cada uma delas. Greiceane diz que gastou R$ 130 mil ao todo, incluindo os custos com equipe médica e medicamentos. Isadora diz que gastou cerca de R$ 120 mil.

A OPERAÇÃO E O PÓS-OPERATÓRIO
Como qualquer cirurgia plástica, o “mommy makeover” traz riscos como dor, fraqueza, sangramento, infecção, trombose e embolia, segundo o médico Marco Polo Rios. Por isso, os médicos prescrevem 30 dias de repouso completo.

Isadora conta que, na prática, sua recuperação durou três meses, mas que não sentiu dores devido aos remédios prescritos. “A gente não retoma a vida 100% ao normal depois de 30 dias. Mas voltei a trabalhar. Em três meses, voltei a fazer todos os meus exercícios normalmente.”

Greiceane diz que ficou hospedada em um apartamento em São Paulo por 13 dias e recebia visitas dos médicos. Após a operação, ela diz ter contado com a ajuda de sua irmã e de uma babá para cuidar de seu filho de dois anos: “Você não pode carregar o bebê. Ele não pode sentar no seu colo. Nem chegar perto e nem ficar em cima de você por um mês”.

A empreendedora contou ter tido dificuldade em não poder tocar o filho: “É muito difícil. Você quer cheirar, você quer ficar ali perto, você quer carregar, você quer ficar brincando. E eles procuram isso em nós”.

Apesar da dor e da distância dos filhos, as mães dizem que a operação vale à pena. “O meu rosto mudou bastante, a expressão mudou muito, me sinto bem. A autoestima muda a mulher. A gente fica muito melhor. Vale cada dia”, diz Greiceane.

“Ser mãe é um sonho. E realizei o meu. Tive meus filhos e respeitei o tempo. Curti eles, curti meu segundo por três anos. Não tinha o corpo que eu queria, mas tinha um filho saudável, um filho perfeito. Quando foi possível, decidi cuidar de mim”, conta Isadora.

“Consegui conciliar tudo e estou feliz. Estou mãe, estou mulher, estou bonita”, afirma a comerciante.

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