O espaço reservado aos ciclistas é ocupado por veículos na avenida José Bonifácio, a partir da rua Silva Castro, no sentido avenida Bernardo Sayão, no bairro do Guamá, em Belém. Com isso, quem pedala precisa desviar dos carros, indo para a rua, correndo o risco de sofrer acidentes de trânsito. A ciclofaixa daquele trecho é praticamente usada como estacionamento de carros particulares. E essa área registra diariamente um fluxo intenso de carros particulares, motos, ônibus e vans.
O autônomo Walmir Macedo, 64 anos, disse que essa irregularidade é diária. “A gente fica com esse problema da mobilidade. A gente tem que ir para o meio da pista para desviar dos carros que estão estacionados”, contou. “A gente tem esse problema seríssimo aqui nesse trecho da José Bonifácio, que começa aqui na Silva Castro e vai até a Bernardo Sayão. Uma via de circulação intensa. A gente fica arriscando as nossas vidas”, afirmou.
O também ciclista Raimundo Araújo, 41 anos, reforçou os problemas ao pedalar por aquela avenida. Mecânico de profissão, disse que os motoristas estacionam seus carros na ciclofaixa. “Isso não afeta apenas a mim, mas muitas pessoas. Ciclistas, pessoas com deficiência…”, observou. “A gente se ‘desloca’ da faixa e vai para o meio da pista e isso tem causado vários acidentes”, disse Raimundo. Ele afirmou que, naquele trecho da avenida, redobra os cuidados. “A gente tem que ter muita atenção e ficar olhando para um lado e para o outro. Até porque a gente necessita deste meio de transporte (bicicleta) para se deslocar diariamente”, afirmou ele, enquanto ia para uma loja comprar uma peça para um veículo.
O funcionário público Eriton Nascimento, 39 anos, disse que pedala desde “pequeno”. Ele afirmou que os motoristas não respeitam as ciclofaixas. Eriton disse que o espaço destinado aos ciclistas é ocupado por donos de veículos que trabalham ou residem às proximidades. “Há disponibilidade de garagem. Mas, para eles, é mais cômodo ficar no meio da ciclovia. Ou seja, virou estacionamento particular. Eles permanecem onde é errado”, afirmou. “Não há fiscalização. Pra gente, é um risco diário”, completou.
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Ciclista Raimundo Araújo, 41 anos: “A gente tem que ter muita atenção e ficar olhando para um lado e para o outro” (Foto: Ivan Duarte/O Liberal)
De janeiro a outubro de 2024, Semob aplicou 102 multas
A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que mantém fiscalização regular com agentes de trânsito em rondas diárias na cidade, principalmente nos corredores com faixas exclusivas para ciclista localizadas em Belém, incluindo a avenida José Bonifácio, além de blitz com o apoio do guincho e da fiscalização eletrônica, com radares e câmeras de videomonitoramento, para coibir infrações de trânsito e o uso indevido de ciclofaixa/ciclovia por outros veículos (carro/moto) e garantir a segurança viária.
Mediante flagrante, os agentes aplicam a autuação, em conformidade com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Como resultado dessa fiscalização, foram aplicadas 102 multas, na referida avenida, por transitar e estacionar em ciclofaixa/ciclovia, no período de janeiro a outubro de 2024. De acordo com o artigo 193 do CTB, transitar em ciclofaixa/ciclovia é infração gravíssima, somando 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), multa de R$ 293,47 triplicada, totalizando R$ 880,41.
Já estacionar o veículo sobre a ciclofaixa/ciclovia, corresponde à infração grave, conforme o artigo 181, inciso VIII do CTB, sujeito a aplicação de multa no valor de R$ 195,23 e 5 pontos na carteira de motorista. Ações de educação para o trânsito também são uma das competências da Semob, com o intuito de diminuir a ocorrência de sinistros, envolvendo ciclistas e a todos os envolvidos no trânsito: ciclista, pedestre, motociclista e os condutores em geral, bem como, direcionadas aos estudantes de escolas da rede pública e privada. A ação educativa é direcionada aos condutores e ciclistas para orientar sobre o uso adequado e respeito a esses espaços exclusivos aos ciclistas.
Com Informações: O Liberal