Fechado nos primeiros meses de 2022 para uma breve reforma, que duraria apenas quatro meses, o Pronto-Socorro do Hospital São Paulo, um dos principais da cidade de São Paulo, está em reforma há 31 meses.
Por telefone, a assessoria do HSP disse que ainda não há data para reabertura. Em nota enviada à CNN, a comunicação do hospital afirma que “as obras estão em fase final”, mas não menciona uma previsão exata para reabertura do local.
Segundo a administração do hospital, danos nos pilares de sustentação causados por infestação de cupins exigiram uma intervenção adicional durante a reforma.
“Além disso, a degradação do antigo prédio demandou a reconstrução completa da rede elétrica, hidráulica, teto, pisos e paredes”, diz a nota do HSP.
No Google Maps, o aviso: “fechado temporariamente”.
Motivos do atraso
Segundo a administração do hospital, durante a reforma, “danos nos pilares de sustentação causados por infestação de cupins exigiram uma intervenção adicional”. “Além disso, a degradação do antigo prédio demandou a reconstrução completa da rede elétrica, hidráulica, teto, pisos e paredes”, diz a nota do HSP.
A CNN teve acesso a vídeos do interior do local. Há poucos resquícios de obras, com quase toda a estrutura já reformada. Porém, ainda faltam maquinários médicos e funcionários. O HSP afirma que “os processos assistenciais e treinamentos das equipes para funcionamento do serviço seguem em andamento”.
Segundo o plano de trabalho da reforma, o prédio que atende o Pronto-Socorro do Hospital São Paulo foi construído nos anos 60 e não houve adaptações em nenhum momento deste a inauguração. A assessoria do HSP confirma que é “a primeira grande obra que está sendo realizada” no local.
Ainda conforme o plano de trabalho, a reforma envolve uma área de 3.252 m², o que corresponde ao térreo e ao primeiro pavimento.
Segundo o documento da obra, “as instalações prediais eram inadequadas e precárias” e estavam “em desacordo com as normas relacionadas a unidade de saúde.” A reforma abrange instalações elétricas, hidráulicas, gases medicinais, pintura, climatização e equipamentos.
Antes, o fluxo de atendimento dos pacientes adulto e infantil estava sendo realizado em uma única porta de entrada, e um dos objetivos da reforma é separar os atendimentos.
“As salas de observação não contam com infraestrutura suficientes de banheiros, conforme exigido na norma RDC no 50/2022. O acesso da ambulância mescla-se com recepção dos pacientes e acompanhantes, impossibilitando um fluxo de atendimento rápido e eficiente. Existe também um cruzamento de fluxos dos setores infantil e adulto”, aponta o documento.
O Hospital São Paulo foi fundado em 1940 pela Escola Paulista de Medicina e é o primeiro hospital-escola do Brasil. Desde 2004, a instituição é certificado pelos Ministérios da Saúde e da Educação como um Hospital de Ensino da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Redução nos atendimentos
Diariamente, o hospital atendia mais de mil usuários no Pronto-Socorro/Pronto Atendimento, isso segundo o demonstrativo Contábil e Financeiro do HSP de 2022. Por esse mesmo documento, é possível comparar o número de atendimentos anuais.
- 2022: 69.569 atendimentos (ano do início da reforma)
- 2021: 99.053 atendimentos
- 2020: 124.524 atendimentos
- 2019: 177.324 atendimentos
- 2018: 119.824 atendimentos (ano pré-Covid)
Comparando o ano de 2018, que antecede a pandemia da Covid-19, com 2022, ano do início da reforma, a queda nos atendimentos foi de 42%. Nos primeiros meses de 2022, o Pronto-Socorro funcionou normalmente. O local foi fechado no dia 23 de maio de 2022.
Investimento do estado
Uma nota publicada pela UNIFESP em 2022 informava que o governo do estado de São Paulo liberou R$ 8 milhões, em caráter emergencial, para a reforma.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou à CNN que, até o momento, já repassou R$ 7,7 milhões para a instituição e que valor está sendo liberado conforme o cronograma de andamento da obra. Mesmo com a mudança de prazo, o investimento segue o planejamento inicial.
No comunicado de 2022, a UNIFESP reforça a expectativa dos 4 meses de reforma e recomenda que “a população procure a UPA 24 horas mais próxima da residência.”
Nas redes sociais, os cidadãos cobram a volta dos atendimentos. Uma seguidora questiona: “Essa reforma não acaba mais?”. E emenda: “Era tão bom… pena que não tem mais atendimento”. Outra usuária pública: “Precisamos saber: quando irá voltar a atender o pronto-socorro?”. E é respondida por uma seguidora: “estamos ansiosos para saber, uma vez que as UPAs não suprem as nossas necessidades.”
UPA lotada
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima do Hospital São Paulo é a UPA da Vila Mariana. São 400 metros de distância. A última avaliação do Google, feita duas semanas antes da publicação dessa reportagem, é de um paciente reclamando: “muita demora (4 horas) para o médico simplesmente me dar uma receita”.
Antes, o pronto-socorro do Hospital São Paulo recebia pacientes tanto por meio de regulação, quanto por demanda espontânea. Com a reestruturação, o hospital receberá de forma referenciada os pacientes encaminhados via SIRESP (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo) e da CRUE (Central de Regulação de Urgências e Emergências).
Questionada pela CNN se as UPAs vão atender às demandas da população com o fim do sistema “portas abertas” do PS do Hospital São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que a UPA tem condições de realizar até 15 mil atendimentos por mês e atualmente a sua média mensal é de 11.500.
Nota do HSP na íntegra
O Hospital São Paulo (HSP/Unifesp) esclarece que a reforma do pronto-socorro é a primeira grande obra que está sendo realizada e que teve de ser estendida devido a problemas estruturais que não estavam previstos no projeto inicial. As obras estão em fase final e, quando o serviço for reaberto, receberá de forma referenciada os pacientes encaminhados via SIRESP (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo) e da CRUE (Central de Regulação de Urgências e Emergências), conforme preconizado pelo perfil do estabelecimento, que atende casos de alta complexidade.
O Hospital São Paulo é referência nacional e, mesmo com a reforma do pronto-socorro, continua recebendo pacientes graves referenciados pela rede municipal, estadual e vaga zero. As demais áreas do complexo hospitalar estão operando normalmente, não tendo sido comprometidas pelas obras.
O Hospital São Paulo (HSP/Unifesp) informa que durante a reforma, danos nos pilares de sustentação causados por infestação de cupins exigiram uma intervenção adicional. Além disso, a degradação do antigo prédio demandou a reconstrução completa da rede elétrica, hidráulica, teto, pisos e paredes. A reforma foi realizada pela empresa Construiza Construções e Reformas. Os processos assistenciais e treinamentos das equipes para funcionamento do serviço seguem em andamento.
Antes da reforma, o pronto-socorro recebia pacientes tanto por meio de regulação, quanto por demanda espontânea. Com a reestruturação, o hospital manterá o atendimento a pacientes graves referenciados, alinhado ao perfil assistencial da instituição.
A Sala de Contingência dispõe de quatro leitos para estabilização de pacientes graves, com atendimentos diários de emergência clínica e cirúrgica, além de oftalmologia e otorrinolaringologia.
As informações financeiras da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) são publicadas no Diário Oficial do Estado após o fechamento do balanço.
Nota da SES na íntegra
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que repassou, em 2024, mais de R$ 231 milhões ao Hospital São Paulo, por meio de convênios e recursos da Tabela SUS Paulista. Em julho de 2022, a pasta assinou, ainda, convênio com o Hospital São Paulo para a reforma do pronto-socorro (PS), no valor de R$ 8 milhões, que estão sendo liberados conforme o cronograma de andamento da obra. Até o momento, a SES já repassou R$ 7,7 milhões.
Nota da SMS na íntegra
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que a Unidade de Pronto Atendimento Vila Mariana, que está localizada próximo ao Hospital São Paulo, possui capacidade de atender a um número maior de pacientes do que a sua demanda atual. A UPA tem condições de realizar até 15 mil atendimentos por mês e atualmente a sua média mensal é de 11.500. Todos os pacientes que dão entrada na unidade são avaliados conforme classificação de risco, sendo priorizados os atendimentos conforme a gravidade. Além da unidade Vila Mariana, estão disponíveis na região as UPAs Vergueiro, Jabaquara e Vila Santa Catarina, todas com capacidade para realizar o atendimento de urgência/emergência. Em toda a cidade, são 33 UPAs atualmente. A população pode encontrar a unidade mais próxima por meio da plataforma Busca Saúde:
Com Informações: CNN Brasil