A atmosfera no Ginásio do Maracanãzinho se intensifica enquanto o Fortaleza Basquete Cearense se prepara para o confronto contra o Flamengo no NBB. Em meio aos preparativos, a música ambiente, um pagode tipicamente brasileiro, ecoa pelo espaço. Para Jelena Todorovic, a nova técnica sérvia da equipe, a familiaridade com os ritmos locais ainda é uma jornada em andamento.
“Posso dizer que danço forró muito bem, mas ainda estou aprendendo a sambar. Amo a música brasileira, toco piano e canto. Não sei o que é melhor no Brasil, a música ou a comida”, revelou Todorovic.
A chegada de Todorovic ao Fortaleza Basquete Cearense marca sua estreia como head coach. Após anos observando treinadores de destaque no basquete europeu, ela se sentiu preparada para assumir o desafio, com o apoio da direção do clube para implementar suas ideias e escolher os jogadores.
“Para mim, o time que vence é aquele que joga melhor coletivamente, não o melhor no papel”, afirma Todorovic, enfatizando sua filosofia de jogo.
O início da jornada no NBB tem sido promissor, com vitórias sobre Vasco e Botafogo, seguidas por uma derrota para o Flamengo. Todorovic buscou o conselho do técnico da seleção brasileira masculina, Aleksandar Petrovic, desde sua chegada ao Fortaleza. A cada dia, ela aprofunda seu conhecimento sobre os jogadores brasileiros, superando barreiras como a língua e aproveitando as vantagens que o talento local oferece.
“Atletas brasileiros sempre tiveram muita criatividade e são muito físicos. Tento trazer também uma influência europeia, de atenção ao detalhe e disciplina, ensinando-os a ler o jogo. Existe uma barreira linguística, mas com a ajuda deles, consigo me comunicar”, explica.
A presença de Todorovic no comando do Fortaleza Basquete Cearense quebra um paradigma no basquete profissional masculino brasileiro. Ela é a primeira mulher a liderar um time no NBB, desde a fundação da liga em 2009.
“Isso significa muito, mas me vejo, antes de tudo, como uma técnica. Toda pessoa deve conseguir um emprego baseado nas suas capacidades e se ela merece o cargo. Se você é homem ou mulher, de uma equipe masculina ou feminina, é desafiador do mesmo jeito”, ressalta a treinadora.
Todorovic compartilha sua história pessoal como prova de que tudo é possível. “As pessoas acham que as mulheres não conseguem impor autoridade ou lidar com a pressão de um time masculino. Isso não é verdade. Você deve ser julgado pela sua capacidade de liderança, seu conhecimento, sua forma de se conectar com as pessoas. A autoridade vem disso, não do seu gênero.”
Com um blazer que se tornou sua marca registrada, Todorovic personifica uma nova era no basquete brasileiro, construindo sua identidade como uma técnica pioneira.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
