Não aconteceu por acaso o rumoroso roubo de uma SUV, registrado no final de semana, com um casal mantido refém, assim como o furto de uma caminhonete Triton, recuperada pela polícia, ambos em Marabá. Não é de hoje que o sul e sudeste do Pará estão na mira de quadrilhas especializadas em roubo de veículos. Mas a polícia sabe disso e investiga as ações desses grupos de forma integrada.
O delegado Vinícius Cardoso das Neves, superintendente regional de Polícia Civil, lembra que a região já sofreu muito com esse tipo de crime, em outras épocas; e essa prática delituosa deu uma arrefecida nos últimos anos. Mas, pontualmente, esses casos ainda ocorrem devido às características da região.
“É uma região de agronegócio, que tem muitos veículos dessa natureza; é uma região sensível por ser limítrofe aos Estados do Maranhão e do Tocantins. Ou seja, o veículo roubado aqui já passa para a fronteira de outros Estados e isso é um facilitador para os assaltantes”, explica Cardoso.
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O policial lembra também que existe a rota de fuga para a região oeste do Estado, pela Transamazônica (BR-230). Tanto é verdade que há décadas a região sofreu muito com quadrilhas especializadas no rubo de caminhonetes, que tinham base sediadas no município de Altamira e foram desbaratadas.
Outra rota de acesso e fuga para os criminosos é pela BR-155, que liga Marabá ao extremo sul do Pará e de lá ao Estado do Mato Grosso.
Ainda de acordo com o delegado, também existe um movimento inverso, de veículos roubados ou furtados em outros Estados ou outras regiões do Pará, que são mandados para Marabá. Esse movimento exige um cuidado maior ainda das autoridades da segurança pública. “A polícia trabalha de maneira integrada, compartilhando informações com objetivo de desbaratar essas quadrilhas e recuperar esses veículos”, afirma.
Cuidados
Além de não reagir ao assalto, sempre preservando o bem maior, que é a vida, delegado Vinícius Cardoso orienta os proprietários de veículos desse porte que tomem algumas medidas para prevenir assaltos ou pelo menos para dificultar a ação dos criminosos.
“Se for possível, logicamente, faça seguro desse automóvel, pois são veículos de alto valor de mercado. É importante colocar um rastreador, pois fazer isso hoje é bem fácil, bem cômodo e de valores módicos… é importante quando for entrar em casa, passe direto pelo portão e observe… ao sair, se houver câmeras de segurança, analise primeiro as ruas”, orienta o delegado.
Caso da SW4
Após o roubo de uma SUV na noite de domingo (19), com um casal feito de refém até a madrugada de segunda-feira (20), as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal conseguiram encontrar dois carros usados pelos criminosos e também prender, em flagrante, após troca de tiros, um dos envolvidos: Washington Oliveira Martins Júnior.
Mas até o momento a SW4, avaliada em mais de R$ 400 mil, não foi recuperada. O assalto, que foi todo filmado, aconteceu no Bairro Belo Horizonte, mas o casal foi deixado pelos assaltantes no Bairro Cidade Jardim. Já a prisão ocorreu em área de mata da Vila Sororó (Km 35 da BR-155), depois que investigações levaram a polícia até lá.
Segundo a polícia, o suspeito Washington Júnior confessou participação no crime e foi autuado em flagrante por roubo majorado. O Juízo da 2ª Vara Criminal de Marabá homologou o flagrante e converteu a prisão em preventiva.
O delegado Vinícius e o coronel PM Batista, comandante do CPR-II (2º Comando de Policiamento Regional), durante o diálogo com a Imprensa, destacaram que o trabalho integrado das forças de segurança foi essencial para preservar a integridade das vítimas e avançar na investigação.
Furto da Triton
No caso da Triton, o furto aconteceu na Nova Marabá. Mas, depois de muita investigação, a polícia também descobriu que os criminosos teriam circulado com o veículo na BR-155, também sentido Marabá Eldorado, e conseguiram encontrar o veículo em um matagal nas proximidades da entrada do Distrito Industrial.
De todo modo, delegado Vinícius assegura que as investigações seguem no sentido de identificar e prender os criminosos que furtaram o veículo, assim como os receptadores que, possivelmente, encomendaram o veículo.
(Chagas Filho)