O rapper e empresário Sean “Diddy” Combs foi considerado culpado por duas das cinco acusações que enfrentava na Justiça dos Estados Unidos. O júri, em Nova York, decidiu que o artista cometeu o crime de transporte para fins de prostituição, mas o absolveu das acusações mais graves, como tráfico sexual e conspiração para extorsão.
O veredito foi anunciado na manhã desta quarta-feira (2), após quase dois meses de julgamento.
O caso sobre o magnata da música e símbolo do rap dos anos 1990 começou a ser julgado em maio e contou com depoimentos, vídeos, imagens e argumentações da defesa e da promotoria. O júri foi composto por 12 pessoas — oito homens e quatro mulheres.
Apesar do veredito, as penas pelos crimes a que Diddy foi sentenciado ainda não foram divulgadas, mas podem chegar a 20 anos de prisão.
Preso desde setembro de 2024, Diddy comemorou o resultado, mas se diz inocente de todas as acusações. A defesa pediu para que o tribunal liberte o artista.
Veja acusações pelas quais Diddy estava sendo julgado, quais foram os vereditos e as possíveis penas:
- Conspiração para extorsão – acusado de operar uma empresa criminosa que facilitava o tráfico sexual, a distribuição de drogas, a coerção e a violência – Diddy foi inocentado (pena poderia chegar a prisão perpétua)
- Tráfico sexual por meio de força, fraude ou coerção – caso envolvendo Cassie Ventura, ex-namorada do artista – Diddy foi inocentado (pena poderia ser de 15 anos a prisão perpétua)
- Transporte com fins de prostituição (caso envolvendo Cassie Ventura) – Diddy foi considerado culpado (pena pode chegar a 10 anos de prisão)
- Tráfico sexual por meio de força, fraude ou coerção – caso envolvendo Jane – Diddy foi inocentado (pena poderia chegar a prisão perpétua)
- Transporte com fins de prostituição (caso envolvendo Jane) – Diddy foi considerado culpado (pena pode chegar a 10 anos de prisão)
Segundo o jornal The Guardian, logo após o veredito, o juiz agradeceu aos jurados pelo “sacrifício”.
“Quero que saibam que isso é inspirador para todos nós. Vocês ouviram, trabalharam juntos, estiveram aqui todos os dias, chova ou faça sol. Vocês fizeram isso sem nenhuma recompensa, além da recompensa que vem de atender ao chamado do serviço público. Isso deve dar esperança a todos nós”, disse o Juiz Arun Subramanian, que preside este caso.
Após o veredito, advogado de Casandra “Cassie” Ventura, Douglas H. Wigdor, se pronunciou e elogiou sua cliente por demonstrar força em seu depoimento e apresentar acusações que inevitavelmente levaram ao caso federal.
Diddy no tribunal
Diddy chegou ao tribunal usando um suéter amarelo, camisa branca , calça cinza e carregando um livro de pensamentos positivos. O rapper permaneceu o tempo todo olhando para baixo e com as mãos em prece. Atrás do cantor, estavam sua mãe e os filhos.
Pouco antes de decisão, o advogado Brian Steele segurou mão dele e o tranquilizou. Quando o veredito sobre a primeira acusação (conspiração para extorsão) foi anunciado, Diddy colocou a cabeça entre as mãos.
Mesmo não sendo totalmente inocentado, Diddy comemorou o resultado, pois foi quase o melhor que ele poderia esperar dada a gravidade do caso.
Qual caso foi julgado
Além de rapper, Diddy é um poderoso executivo. Dono do selo Bad Boy Records e de outras empresas, ele revelou astros como Usher, Mary J. Blige e Notorious B.I.G. Sua influência no mercado musical é tão grande que ele chegou a ser descrito pela revista americana “Time” como “o homem mais onipresente do hip-hop”.
Segundo o processo movido contra ele, Diddy teria usado esse poder de magnata para abusar, ameaçar e coagir várias pessoas ao seu redor, sobretudo mulheres. Esse comportamento teria durado mais de duas décadas.
Testemunhas alegaram que ele usou seu império empresarial como uma estrutura de extorsão para permitir e ocultar esses e outros crimes.
Os advogados de Diddy argumentam que, na verdade, ele foi vítima de um “processo excessivamente zeloso” que teria distorcido seu uso recreativo de drogas e estilo de vida swinger.
Os casos analisados abrangem o período de aproximadamente 2004 a 2024.
Como Diddy se tornou alvo
A imagem do rapper começou a ruir no fim de 2023. A cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, o acusou de submetê-la a coerção física, droga e estupro nos chamados “freak offs”, uma espécie de maratona sexual promovida pelo rapper — movida a uso de entorpecentes e com dias de duração.
Horas depois de abrir o processo, Cassie voltou atrás, após selar um acordo com o músico. Ainda assim, o processo motivou outras pessoas a apresentarem denúncias contra Diddy — a maioria dos casos não foi julgada.
Desde então, ele se tornou alvo de várias ações civis que o caracterizam como um “predador sexual violento”. Em março de 2024, duas luxuosas mansões do rapper foram alvo de buscas por agentes federais. Dois meses depois, veio a público um vídeo em que ele aparece agredindo Cassie.
Nas imagens, o rapper arrasta a então namorada pelos cabelos enquanto ela tenta fugir. A gravação foi feita por uma câmera de segurança de um hotel de Los Angeles, em 5 de março de 2016.
Quatro meses após o vazamento do vídeo, Diddy foi preso no hotel Park Hyatt, na Rua 57, em Nova York. A prisão ocorreu sob a suspeita de associação ilícita, tráfico sexual e transporte para prostituição.
O caso começou a ser julgado em maio de 2025. O veredito foi anunciado nesta semana.
Como foi o julgamento para quem o acusou
Durante o julgamento, a promotoria alegou principalmente que Diddy “repetidamente forçou, ameaçou e manipulou” suas ex-namoradas Cassie e “Jane” — esta última, uma testemunha sob pseudônimo. Ele teria obrigado ambas a “fazer sexo com acompanhantes para seu próprio entretenimento”.
Cassie prestou depoimento por quatro dias. Ela afirmou que, durante seu namoro com o músico, ele controlava todos os aspectos de sua vida: pagava seu aluguel, carro e telefone.
A cantora descreveu diversos episódios de violência. Entre os relatos, estão agressões como corte de sobrancelha, chute na cabeça e estupro. Chorando, Cassie afirmou que a relação causou tantos traumas que, dois anos atrás, ela pensou em se matar.
Jane afirmou que, na época de seu namoro com Diddy, ele a pressionava a transar com outros homens enquanto os observava. Também disse que ele ignorava seus “sutis sinais” de incômodo — caretas e relatos de dor, cansaço e fome.
“O réu usou poder, violência e medo para conseguir o que queria”, disse a promotora Christy Slavik na fase final do julgamento. “Ele achava que sua fama, riqueza e poder o colocavam acima da lei.”
Outras alegações indicaram que Diddy sequestrou um de seus funcionários, incendiou um carro, ordenou trabalhos forçados e subornou um agente de segurança — além de ter cometido outros “crimes brutais”, conforme argumentou a promotoria durante o processo.
Como foi o julgamento para Diddy
Diddy não quis prestar depoimento. Sua defesa o retratou como vítima de um processo excessivamente zeloso que distorceu seu uso recreativo de drogas e seu estilo de vida swinger.
“Alguma testemunha subiu ao banco das testemunhas e disse que ‘sim, que eu fazia parte de uma organização criminosa — que eu me envolvia em associação’?”, questionou o advogado, respondendo ele próprio: “Não”, afirmou Marc Agnifilo.
Referindo-se aos processos movidos pelas acusadoras de Diddy, ele declarou: “Não se trata de crime. Trata-se de dinheiro. Trata-se de dinheiro.”
Ao falar sobre suas ex-namoradas, a defesa também alegou que ambas teriam levado voluntariamente profissionais do sexo para as relações.
De modo geral, os advogados de Diddy minimizaram o julgamento e classificaram as acusações como fruto da imaginação da promotoria.
Quem é Sean Diddy Combs?
Popularmente conhecido como Diddy ou Puff Daddy, seu nome verdadeiro é Sean John Combs. Hoje com 54 anos, o músico nasceu em 4 de novembro de 1969, no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, nos EUA. Ele foi criado pela mãe, após seu pai ser assassinado em 1972.
Sean cursou administração na Universidade de Howard. Ficou famoso como rapper e executivo musical — um dos mais imponentes desse mercado.
Produtor de astros como The Notorious B.I.G, Diddy é considerado um dos nomes responsáveis pela transformação do hip-hop de um movimento de rua para um gênero musical hiperpopular e de importância e sucesso globais.
Ele começou no setor musical como estagiário, em 1990, na Uptown Records, uma das gravadoras mais famosas dos EUA, e onde se destacou de forma meteórica e chegou a se tornar diretor. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records.
Um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”, de 1997, rendeu a Diddy o Grammy de melhor álbum de rap. Principalmente depois do estouro com a música, Diddy fez ainda mais fortuna com empreendimentos do setor de bebidas alcoólicas e da indústria da moda, principalmente.
Ele também foi produtor de inúmeros artistas de sucesso e está por trás de grandes hits cantados por famosos. Muita gente, inclusive, o vê mais como um produtor e empresário do que como um músico.
(Fonte:G1)
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