Protestos estudantis começaram no início de julho, exigindo o fim das cotas em empregos públicos para descendentes de veteranos da guerra da independência de 1971, política que consideram discriminatória
A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou ao seu cargo nesta segunda-feira (5) e abandonou o país, segundo o canal local “Channel 24”, após semanas de violência generalizada nas ruas em meio a protestos estudantis que resultaram em quase 300 mortos. Hasina abandonou o país em helicóptero militar às 14h30 (5h30 em Brasília), acompanhada por sua irmã menor Sheikh Rehana, informou o jornal de Bangladesh “Prothom Alo”. Fontes citadas pelo veículo de comunicação disseram que elas partiram para Bengala Ocidental, na Índia. Segundo informações, o secretário de imprensa de Hasina, Naimul Islam Khan, declarou que não podia confirmar os acontecimentos no momento.
Milhares de pessoas se reuniram em frente à residência oficial da primeira-ministra em Daca nesta segunda-feira, muitas delas entrando no prédio depois que a notícia de sua partida foi divulgada, de acordo com imagens de televisão. O “Channel 24” de Bangladesh mostrou imagens de dezenas de cidadãos na residência oficial, Ganabhaban, carregando móveis, geladeiras e louças em um clima de vitória. Muitos pararam para acenar para as câmeras de televisão, com os braços erguidos no ar após meses de protestos. Os manifestantes saíram às ruas apesar do toque de recolher ordenado pelo governo na noite passada, em resposta a um dia de violência no contexto dos protestos estudantis que começaram há cinco semanas.
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Os serviços de banda larga e de internet móvel também foram interrompidos por cerca de duas horas, de acordo com o observatório independente de segurança cibernética NetBlocks. Espera-se que o chefe do exército de Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, faça uma declaração oficial. A renúncia de Hasina ocorre após cinco semanas de protestos estudantis que começaram pacificamente, mas se tornaram violentos em meio a alegações de repressão policial pesada contra os manifestantes. Cerca de 300 pessoas, a maioria estudantes e civis, foram mortas durante os violentos confrontos que mergulharam Bangladesh no caos.
Os protestos estudantis começaram no início de julho, exigindo o fim das cotas em empregos públicos para descendentes de veteranos da guerra da independência de 1971, política que eles consideram discriminatória em um dos países mais pobres do mundo. A Suprema Corte ordenou que o governo abolisse a maior parte das cotas de 30%, mas os estudantes decidiram manter as manifestações para exigir justiça para as vítimas da violência e passaram a exigir a renúncia de Hasina e de seu governo. Hasina assumiu o cargo em janeiro, para um quarto mandato consecutivo, após obter uma vitória clara em uma eleição que foi boicotada pela oposição.
*Com informações da EFE
Publicado por Marcelo Bamonte
Fonte: Jovem Pan