No Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado neste dia 27 de novembro, novas pesquisas e avanços científicos dão esperança para a superação deste conjunto de mais de 100 doenças, que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos. A partir do próximo ano, começam a ser testadas vacinas da LungVax, que visam prevenir o desenvolvimento de câncer de pulmão. Além disso outros avanços na imunoterapia, exames precoces, e cirurgias com robótica fazem da oncologia – área da medicina de tratamento do câncer – como um das mais promissoras atualmente.
O Dia Nacional de Combate ao Câncer foi instituído em 1988 com o objetivo de ampliar o conhecimento da população brasileira sobre o câncer, principalmente sobre a sua prevenção. Uma célula cancerígena divide-se rapidamente, sendo muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo – o que é conhecido como metástase.
Uma das novas promessas no tratamento do câncer de pulmão é a vacina LungVax que começará a ter o primeiro ensaio clínico em humanos a partir do verão de 2026. O medicamento foi desenvolvimento pela Universidade de Oxford e University College London (UCL). O estudo, financiado com até £2,06 milhões (cerca de R$ 13 milhões) pela Cancer Research UK e pela CRIS Cancer Foundation, marca um avanço inédito na imunoprevenção do câncer.
O médico oncologista Fernando Chalu Pacheco confirma que os avanços da ciência têm gerado grandes expectativas. Pacheco possui quase 40 anos de atuação na oncologia, é diretor fundador da Oncocentro Belém, além de ser coordenador do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Regional Público de Castanhal, desde 2023.
“Há motivos para esperança, e estamos cada vez mais próximos de ver algumas dessas vacinas chegarem na prática clínica, saindo do terreno da ficção científica, sendo caminho concreto que está sendo percorrido”, destacou.
Pacheco aponta que as vacinas – que vivem um momento mundial de contestação por movimentos negacionistas – é uma das áreas mais promissoras da oncologia moderna. “A ideia central é treinar o sistema imunológico para reconhecer alterações específicas das células tumorais e ataca-las de forma muito mais precisa do que os tratamentos tradicionais. Hoje, já temos resultados animadores em pesquisas, especialmente as que usam tecnologias de mRNA, a mesma das vacinas contra a Covid-19, porém personalizada para cada tumor. Em alguns estudos observamos redução significativa do risco de recidiva e respostas mais duradouras, principalmente em tumores como melanoma e câncer de pulmão”, explica o cientista.
Entretanto, o oncologista ressalta que as vacinas ainda estão em fase de testes clínicos, o que deve prolongar um pouco o tempo até a possível aprovação dos medicamentos. As primeiras aprovações devem ocorrer nos próximos anos. “É importante ressaltar que no início elas [vacinas] serão usadas como tratamento complementar – ao lado da quimioterapia, imunoterapia e terapias de alvo molecular, e não como substitutas de tudo que já existe”, assegura.
Enquanto as vacinas não se tornam acessíveis, mudanças de hábitos e um estilo de vida mais saudável continuam sendo a melhor maneira para prevenir a doença. Pacheco aponta que até 40% dos casos de câncer podem ser prevenidos apenas com essas atitudes e a realização dos exames corretos. Apesar de dificuldades, o Brasil e o Estado do Pará tem avançado no cuidado oncológico.
“Hoje contamos com tecnologias mais modernas de diagnóstico como o PET-CT e mais recentemente aqui em Belém, contamos com o PET com PSMA, para diagnóstico e estadiamento do câncer de próstata, testes genômicos e biópsias líquidas que permitem identificar tumores mais cedo e com mais precisão. No Pará, cresce o acesso a radioterapia moderna, cirurgias minimamente invasivas e centros especializados com equipes multidisciplinares. O resultado é claro, diagnóstico mais rápido, tratamentos mais eficazes e mais qualidade de vida para quem enfrenta o câncer”, aponta.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), em 2025, até o momento, os tipos de câncer mais recorrentes são as neoplasias malignas da pele (455 casos), seguidas da Neoplasia maligna da mama (444 casos) e da Neoplasia maligna da próstata (307 casos).
Para o especialista, as informações oficiais demonstram que o sol intenso no Pará aumenta muito o risco de câncer de pele, as mulheres ainda encontram barreiras para realizar mamografia no tempo certo e muitos homens deixam de fazer o toque retal por medo ou preconceito. “Mas também mostram algo importante: podemos agir. Usar protetor solar todos os dias, fazer os exames preventivos, cuidar da alimentação, do corpo, da mente. Prevenção é um gesto de amor – amor por si, pela família e pela vida. E quanto mais cedo a gente cuida, maiores são as chances de cura”, assegura.
PREVINA-SE CONTRA O CÂNCER
- Tenha alimentação saudável com dieta equilibrada, rica em frutas, verduras e fibras, evite alimentos ultraprocessados e excesso de açúcar e gordura.
- Pratique atividade física regular pelo menos 150 minutos por semana.
- Evite tabaco e reduza o consumo de álcool
- Proteja-se do sol com o uso do protetor solar, evite exposição excessiva e fique atento a sinais na pele
- Vacinação – vacinar como HPV, e Hepatite B podem prevenir infecções que causam câncer
- Realize exames de rastreamento como mamografia, preventivo de câncer do colo do útero, colonoscopia e PSA, conforme idade e orientação médica.
Com Informações: O Liberal
