O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (18) que pode abandonar “muito em breve” as negociações com Rússia e Ucrânia sobre o fim do conflito, caso não perceba avanços concretos nos diálogos. A declaração foi dada após uma série de posicionamentos divergentes dentro de sua própria administração sobre os rumos das conversas de paz.
“Não temos um prazo específico, mas queremos resolver isso rapidamente”, disse Trump. Ele reiterou que, se as partes envolvidas dificultarem demais as tratativas, os Estados Unidos podem simplesmente desistir. “Se por algum motivo algum dos lados tornar tudo muito difícil, vamos dizer: ‘Vocês são estúpidos, idiotas, pessoas horríveis’ – e vamos seguir em frente. Mas espero que não tenhamos que chegar a esse ponto.”
A fala do presidente está alinhada com a do secretário de Estado, Marco Rubio, que também alertou sobre a possibilidade de os EUA abandonarem as conversas. Por outro lado, o vice-presidente JD Vance demonstrou otimismo, afirmando nesta sexta que houve “avanços significativos” nas últimas 24 horas e que existe a expectativa de um desfecho positivo.
Durante visita a Roma, Vance se reuniu com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e afirmou que os Estados Unidos estão esperançosos em encerrar o que chamou de “guerra brutal”. “Não quero prejudicar nada, mas estamos realmente otimistas”, disse o vice-presidente.
Em contrapartida, após reuniões com representantes da Ucrânia e de países europeus em Paris, Marco Rubio foi direto: “Se concluirmos que não é possível chegar à paz, vamos seguir em frente. Os Estados Unidos têm outras prioridades e não queremos que esse conflito se arraste por semanas e meses.”
Posteriormente, Trump respaldou a declaração de Rubio. “Marco está certo. A dinâmica precisa mudar”, afirmou o presidente, evitando, no entanto, estabelecer um ultimato formal. “Queremos ver isso acabar.”
As declarações ocorrem no mesmo dia em que o Kremlin anunciou o fim da moratória nos ataques a infraestruturas energéticas ucranianas, estabelecida em março. Nos últimos dias, a Rússia intensificou bombardeios, e as autoridades ucranianas relataram a morte de pelo menos duas pessoas e dezenas de feridos em Kharkiv e Sumy, no nordeste do país.
Antes dessa nova escalada, Trump havia proposto um cessar-fogo total e incondicional, aceito por Kiev sob forte pressão de Washington, mas rejeitado pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Representantes dos EUA, da Ucrânia, do Reino Unido, da França e da Alemanha concordaram em retomar as negociações na próxima semana, em Londres. A rodada dá sequência ao primeiro encontro realizado na última quinta-feira, em Paris.
Essas conversas ocorrem em paralelo a outro entendimento em construção: um acordo bilateral entre Washington e Kiev para garantir acesso dos EUA aos recursos minerais estratégicos da Ucrânia, que pode ser assinado nos próximos dias.
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Fonte: Notícias ao Minuto