Aos 23 anos, a paraense Zaynara se consolida como uma das principais representantes do beat melody, subgênero do brega paraense que mescla tecnomelody e calypso com batidas eletrônicas. Apelidada de “princesinha do beat melody”, a artista leva a tradição musical do estado para o restante do país, ressignificando o gênero para a geração Z.
“Todos eles têm a célula do brega paraense. Enxergo o beat melody como uma continuação dessa tradição. A diferença está em quem faz a música”, explica Zaynara, que tem Joelma, ícone do calypso, como madrinha artística. A relação de admiração mútua resultou na parceria musical “Aquele Alguém”, lançada em outubro.
Além da influência de Joelma, a cantora se inspira em grandes nomes da música nortista, como Viviane Batidão, Gaby Amarantos, Dona Onete, Fafá de Belém e Luê.
Arte, identidade e ancestralidade amazônica
Zaynara define sua música como uma fusão entre a tradição amazônica e a vivência de uma mulher jovem e independente. Em faixas como Sou do Norte, lançada em abril de 2023, ela exalta as raízes do povo tupinambá e a cultura paraense. “Eu vivo entre os rios, as matas e acredito nas crenças da floresta. Isso me ajuda a entender as minhas emoções”, destaca.
Outro sucesso do repertório, Quem Manda em Mim, do álbum É Beat Melody (2022), carrega uma forte mensagem de empoderamento feminino. “Ninguém tem o direito de diminuir a forma como as mulheres se expressam ou pensam”, reforça a artista.
Nascida em Cametá, em 2001, Zaynara cresceu acompanhando os ensaios e shows do pai, Nildo Assunção, baterista da Banda Invencíveis. O apoio familiar foi essencial para que, enquanto cursava Nutrição na faculdade, começasse a trilhar o caminho da música. Sua estreia oficial ocorreu em 2021, com o EP Traz o Nosso Amor de Volta, e desde então ela acumula um álbum e colaborações com artistas como Pabllo Vittar, Luê e Felipe Cordeiro.
Expansão nacional e reconhecimento
A cantora integra a nova geração de artistas paraenses que rompem a bolha regional e conquistam projeção nacional. Esse movimento ganha ainda mais força com a visibilidade da Amazônia em debates globais, como as mudanças climáticas e a preservação ambiental.
“Tanto o Brasil quanto o mundo estão atentos à nossa arte. Vivemos um momento onde os olhares estão voltados para a nossa pluralidade cultural”, observa. Com a realização da COP30 em Belém, prevista para novembro, o Pará deve se tornar ainda mais o centro dessas discussões.
Planos para o futuro
O ano de 2023 foi um divisor de águas na trajetória de Zaynara. Além de vencer os prêmios Multishow e Women’s Music Event na categoria Artista Revelação, ela assinou contrato com a Sony Music para o lançamento de seu segundo álbum. “Em apenas um ano, realizei sonhos que achei que iam demorar um pouco mais para acontecer”, comemora.
Nos próximos meses, a artista pretende mostrar uma nova fase do seu trabalho, explorando sua faceta como compositora. “Sou exigente comigo mesma, levo a sério assinar uma música como Zaynara. Demorei bastante tempo para ter a coragem de falar com as minhas próprias palavras”, revela.
Entre os temas que a inspiram estão a força da floresta, os rios do Pará, a Amazônia e o Baixo Tocantins. Mesmo com grandes ambições, como emplacar músicas em novelas, se apresentar no Rock in Rio e conquistar um Grammy, Zaynara mantém os pés no chão. “Se as rotas mudarem, sei que voltar para casa sempre será uma opção”, conclui.
Com Informações: Pará Web News