Um marco tecnológico e social está prestes a ser inaugurado no coração da Amazônia. Durante o Festival do Açaí, que acontece nos dias 12 e 13 de junho, em Belém, será apresentado ao público o Açaibot, o primeiro robô de colheita do açaí desenvolvido com tecnologia 100% nacional e adaptado às condições da floresta amazônica. A inovação nasce da empresa Kaatech, braço tecnológico do Grupo Kaa, sediado na capital paraense.
O lançamento oficial ocorrerá no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, e marca o início da pré-venda do equipamento, que estará disponível em mil unidades, com entrada facilitada de 20%. O Açaibot chega ao mercado com a promessa de reorganizar profundamente a cadeia produtiva do açaí, desde o trabalho dos ribeirinhos até o comércio internacional da fruta.
Tecnologia a serviço da floresta
Projetado para substituir o tradicional e arriscado método de escalada em palmeiras, o Açaibot opera por controle remoto e é capaz de colher mais de 100 cachos de açaí por manhã — até dez vezes mais do que um colhedor consegue manualmente.
“Essa tecnologia representa mais do que um salto de produtividade. É uma resposta concreta aos desafios da segurança, da rentabilidade e da modernização do trabalho na floresta”, explica Marcelo Feliciano, CEO da Kaatech. Segundo ele, o robô é resultado de anos de pesquisa com foco na realidade amazônica e nas necessidades das comunidades que vivem do açaí.
O equipamento foi desenvolvido com materiais resistentes à umidade e ao terreno irregular da região, e sua operação é considerada simples. O treinamento de novos operadores pode ser realizado em poucas horas, facilitando a adoção mesmo por trabalhadores com pouca familiaridade com tecnologia.
Impacto social e combate ao trabalho infantil
Um dos pilares do projeto é o impacto social positivo. O Açaibot pode ajudar a reduzir o trabalho infantil e os acidentes, ainda comuns nas atividades de colheita. “Desde o início, sabíamos que não estávamos apenas criando uma máquina, mas um instrumento de transformação de vidas”, afirma Adalto Barbosa, sócio e investidor do Grupo Kaa.
Com a mecanização, crianças e adolescentes deixam de ser expostos ao risco da escalada, e os trabalhadores ganham mais segurança e rendimento. A expectativa é que o robô contribua também para uma maior formalização do setor e inclusão tecnológica de comunidades ribeirinhas.
Uma nova cadeia logística e industrial
Além do robô, o Grupo Kaa desenvolve um ecossistema completo de inovação para a cadeia do açaí. Um dos projetos em destaque é o das cabovias elétricas, que facilitarão o transporte dos cachos do interior da floresta até os rios, permitindo inclusive o deslocamento do operador entre áreas distantes do açaizal.
Outro eixo de inovação está no melhoramento genético de mudas de açaí, em desenvolvimento nos laboratórios da Kaatech. As novas plantas serão mais resistentes a pragas e mudanças climáticas, além de mais produtivas — um avanço que visa garantir estabilidade de safra e reduzir perdas.
Açaí em pó: produto exportável com valor agregado
Uma das grandes apostas do Grupo Kaa é o açaí em pó, criado com tecnologia própria e que preserva 99% das propriedades nutricionais da fruta in natura. Com maior durabilidade e versatilidade, o produto mira o mercado de suplementos alimentares, alimentação saudável e cosméticos, com potencial de exportação global.
A expectativa é que o açaí em pó fortaleça a presença do Pará como polo exportador de produtos com valor agregado, deixando para trás a lógica da simples exportação de matéria-prima.
Complexo industrial sustentável em Belém
Para sustentar toda essa transformação, o Grupo Kaa está construindo um complexo industrial no distrito de Icoaraci, em Belém. O projeto prevê a geração de mais de quatro mil empregos diretos e indiretos e a produção de itens como basquetas biodegradáveis, embalagens de açaí em pó e os próprios robôs.
Um diferencial do projeto está na geração de energia limpa, feita a partir do caroço do próprio açaí. O sistema será autossuficiente e em plena sintonia com os princípios de sustentabilidade que norteiam a atuação da empresa.
Tecnologia com identidade amazônica
Para Adalto Barbosa, o sucesso da inovação está no fato de ela ter nascido dentro da Amazônia: “Não adianta importar soluções que não respeitam os modos de vida locais. Nossa tecnologia é feita aqui, com base no conhecimento de quem vive o açaí há gerações. Isso é o que torna o Açaibot tão potente”.
Durante o Festival do Açaí, o público poderá conhecer o robô em funcionamento, participar de palestras e oficinas, experimentar o açaí em pó e dialogar com os desenvolvedores da tecnologia. Também serão debatidos os desafios da mecanização, como o acesso ao crédito e a formação de operadores.
Apesar desses obstáculos, a recepção ao projeto tem sido positiva. A Kaatech estuda parcerias com cooperativas e linhas de financiamento coletivo para democratizar o acesso à tecnologia.
Com Informações: Para Web News